O PÃO NOSSO DE CADA DIA PODE ESTAR ENVENENADO
Fernanda de Souza Fagundes
A história de minha querida Rebouças conta-me que, no passado, os tropeiros passavam por aqui para descansar da longa viagem que os levava até Minas Gerais e São Paulo, ao conduzir o gado, e habituaram-se a fazer paradas para beber água.
Assim, quando nasceu a comunidade, ela já possuía um nome “Poço Bonito”, homenageando o reduto de água extremamente límpida. Mas o tempo impassível trouxe consigo outra realidade, evidenciada na placa afixada, este ano, na entrada da cidade: “Região em perigo! Cada pessoa está consumindo o equivalente a 14 litros de agrotóxicos todo ano”.
Em pesquisa realizada em nossa região, no mês de junho, divulgada pelo jornal “Folha de Irati”, foi constatado um elevado nível de pesticidas na água que chega às casas localizadas no quadro urbano. Além disso, na área rural, onde nossos pais relatam que, outrora, podiam,tranquilamente, beber água pura dos “olhos d’água”, percebo que se torna cada vez mais exacerbado o uso de agrotóxicos.
Em meio a uma discussão nacional sobre o assunto, em que se impôs um novo marco regulatório para a avaliação de risco de alguns agrotóxicos, bem como a liberação de outros, reacendeu-se uma antiga polêmica entre os moradores. Os grandes latifundiários defendem que esses produtos são essenciais à prosperidade de suas lavouras, enquanto outros habitantes preocupam-se com a qualidade de vida que pode estar sendo deteriorada.O principal argumento dos defensores dos agrotóxicos é que seu uso aumenta a produtividade por hectare e, consequentemente, possibilita reduzir as áreas desmatadas para plantio. Porém, vejo, com tristeza, que nossas matas nativas, inclusive as araucárias, estão sendo substituídas por grandes plantações, o que evidencia que os órgãos de fiscalização, Ibama e IAP, não estão conseguindo conter o fluxo acelerado de desmatamento, destoca e queimadas, e que as punições se mostram ineficazes. Lamentável!
Os recursos naturais estão sendo, portanto, extintos, fato facilmente comprovado até por um leigo no assunto, com uma simples observação da paisagem.
Sob outro ponto de vista, o produtor G. R. defende que os agrotóxicos são eficientes no combate a fungos, doenças e pragas que atacam as plantas, e é totalmente contrário ao cultivo de produtos orgânicos, que, segundo ele, produzem pouco e têm um aspecto não muito atrativo ao consumidor; alega também que para o desenvolvimento de um agroquímico exigem-se anos de estudo para se chegar a uma fórmula, que seja imune à saúde dos seres vivos.
Concordo que a produção de alimentos é essencial ao país. O Paraná destaca-se por ser um grande exportador de alimentos, atividade responsável por parte significativa do PIB do Estado. Preocupo-me, entretanto, com a quantidade de agrotóxico presente em cada produto e defendo a criação de políticas públicas que valorizem o homem do campo que produz alimentos livres de veneno. Questiono-me se todo lucro visado pela minoria de produtores detentores de muita terra e por empresas que são privilegiadas pela venda de agroquímicos não afetará a longo (ou nem tão longo) prazo a sustentabilidade do lugar onde vivo e a vida de todos seus habitantes.
Qual é o contra-argumento utilizado pela articulista? *
Respostas
Resposta: os recursos naturais estão sendo extintos
O contra-argumento usado pela articulista é que os recursos naturais estão sendo extintos.
O texto elabora a questão de que a produção dos alimentos agrícolas usa muitos agrotóxicos e outros produtos tóxicos. Isso prejudica não só a saúde de quem consume esses produtos, mas também destrói o meio ambiente e os recursos naturais ali presentes.
O texto começa com uma comparação entre épocas diferentes. Ela começa falando de quando era possível tomar a água límpida, enquanto hoje em dia a água está poluída por agrotóxicos. Enquanto os produtores dizem ser necessário usar esses produtos, a articulista diz que esse uso é mais prejudicial para os recursos naturais do que benéfico.
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