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De acordo com o estudo, os pesquisadores mapearam quase 400 “centros de detenção suspeitos” por meio de imagens capturadas por satélite desde 2017. Alguns deles foram construídos ou expandidos neste ano, contradizendo afirmações de autoridades chinesas, segundo as quais a maior parte das pessoas detidas nesses campos já havia retornado à sociedade.Pequim alega que as unidades são centros de educação e treinamento vocacional e fazem parte de um conjunto de medidas para combater o terrorismo e o fundamentalismo islâmico.
Entidades de defesa dos direitos humanos, no entanto, denunciam que os uigures, como é conhecida a etnia muçulmana dominante naquela região, foram detidos arbitrariamente e submetidos a práticas de trabalho forçado e doutrinação política.“Nos últimos três anos, cerca de um milhão de uigures e outras minorias foram detidos nessas instalações contra sua vontade”, diz o estudo do ASPI. “O sistema carcerário de Xinjiang é a espinha dorsal coercitiva que sustenta todos os outros aspectos da repressão do governo contra os uigures e outras minorias étnicas.”
Além do monitoramento por satélite, os pesquisadores australianos utilizaram outros métodos para localizar e mapear os campos de concentração chineses. No processo, coletaram depoimentos de vítimas da repressão imposta por Pequim, muitos dos quais foram reunidos em uma base de dados com informações de quase 11 mil pessoas, incluindo mortos e desaparecidos.
O ASPI também verificou locais mencionados em documentos oficiais e reportagens e ouviu jornalistas e outras pessoas que já estiveram em instalações chinesas em Xinjiang.As instalações descobertas pelo instituto foram divididas em quatro níveis diferentes. O primeiro deles, segundo o estudo, são campos de reeducação de baixa segurança, geralmente adaptados de escolas, hospitais e outros prédios pré-existentes.
As unidades de nível 1 incluem cercas e muros destinados a limitar a mobilidade dos internos. Em alguns casos, incluem quadras de basquete, mesas de pingue-pongue e salas de aula que, segundo o estudo, “podem apoiar a narrativa enganosa de que [os campos] foram concebidos para puramente ‘educar’ ou ‘treinar’ os detidos”.
Esses campos são o único nível de detenção ao qual jornalistas e diplomatas tiveram acesso em visitas monitoradas por autoridades chinesas.A pesquisa do ASPI afirma que as instalações de nível 2 são muito semelhantes a condomínios residenciais, mas “parecem ter sido especificamente construídas para detenção de uigures e outras minorias”.
Com muros altos ao redor dos prédios e torres de vigilância, essas unidades são destinadas a “indivíduos considerados um perigo para a sociedade aos olhos das autoridades locais de Xinjiang.”
No nível 3, os prédios parecem ter o objetivo de remover pessoas da sociedade, sem intenção de reabilitação, diz o relatório australiano. “Eles são totalmente cercados por um retângulo de altos muros de concreto, torres de vigilância e várias camadas de cerca de arame farpado.”
A maior parte dessas instalações, segundo o mapeamento, foi construída depois que as autoridades chinesas anunciaram a libertação dos detidos, contradizendo o discurso oficial de Pequim.No último nível, as construções são como prisões de segurança máxima, para as quais os detidos são transferidos após um processo formal de condenação no sistema judicial.
Há relatos, porém, de uigures que foram presos por “crimes” como possuir um Corão, livro sagrado do islamismo, ou se abster de comer carne de porco, prática comum entre os muçulmanos.
Uma das principais descobertas do estudo australiano foi o aumento significativo na quantidade de centros de detenção em Xinjiang. Em 2017, eram 2.321 prédios em 350 campos chineses. As novas descobertas apontam um crescimento de 97,7% no número de construções –foram mapeados 4.588 prédios neste ano.A pressão internacional sobre o regime chinês também vem aumentando. Na semana passada, líderes da União Europeia pediram que a China faça concessões no campo dos direitos humanos para conseguir avançar em um acordo comercial cujas negociações já se arrastam por sete anos.
Um dia depois, mais de 20 entidades divulgaram uma carta aberta ao Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas em que acusam Pequim de crimes contra a humanidade e genocídio na repressão aos uigures e outras minorias étnicas.
O Ministério das Relações Exteriores chinês nega as acusações, as quais classifica como “tópicos sensacionalistas inventados para tentar difamar e desacreditar a China”.
A chancelaria, entretanto, disse que o país “está disposto a fazer arranjos” pra viabilizar a visita de representantes europeus a Xinjiang. O intuito, segundo as autoridades chinesas, seria fazer com que a UE possa “entender verdadeiramente a situação, sem depender de boatos”.
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para com certa as coizas