Dois passageiros em uma cabine de trem. Apossaram-
-se das mesinhas, cabines e bagageiros e se instalaram à
vontade. Jornais, casacos e bolsas ocupam os assentos va-
zios. A porta se abre e entram dois outros viajantes. Não
são vistos com bons olhos. Os dois primeiros passageiros,
mesmo que não se conheçam, comportam-se com uma
solidariedade notável. Há uma nítida relutância em deso-
cuparem os assentos vazios e deixarem que os recém-che-
gados também se acomodem. A cabine do trem tornou-se
território seu, para disporem dele a seu bel-prazer, e cada
novo passageiro que entra é considerado um intruso. Esse
comportamento não pode ser justificado racionalmente -
está arraigado mais a fundo.
(...)
O próprio vagão do trem é um domicílio transitório,
um lugar que serve apenas para mudar de lugar. O pas-
sageiro é a negação da pessoa sedentária. Trocou seu ter-
ritório real por um virtual. Apesar disso, ele defende sua
moradia temporária com um carrancudo ressentimento.
Hans Magnus Enzensberger. O vagão humano (fragmento). In: “Veja 25
anos - reflexões para o futuro.”
Questão 11
Pela leitura do texto é possível concluir que o autor:
a) critica com veemência o modo como são acolhidos os
desconhecidos.
b) justifica as atitudes preconceituosas em relação aos
migrantes.
c) retrata as reações humanas à invasão do espaço pes-
soal, a partir de uma situação do cotidiano.
d) expressa o legítimo sentimento de todos os que têm
seu território invadido.
e) defende a liberdade de ir e vir num mundo globalizado.
Respostas
respondido por:
2
Resposta:
c
Explicação:
território invadidos
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