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Este artigo visa situar a discussão do biológico e do social no interior da análise da condição feminina. Com o surgimento das análises feministas, a hegemonia anterior das explicações biológicas é substituída por uma ênfase na construção social da identidade feminina. O determinismo biológico é repudiado, mesmo quando a identificação da mulher com o corpo e com a natureza e seu status secundário são considerados como universais. Neste processo de reelaboração do objeto, o papel ideológico da ciência é apontado, na medida em que a dominação masculina na ciência e na sociedade acompanhou a tendência histórica que relegou a questão da mulher à esfera natural. Embora uma crescente apreciação da construção social da atividade científica em si impulsione o abandono da dicotomia biológico/social ao nível conceitual, as diferenças entre homem e mulher na esfera da reprodução continuam a atuar. É argumentado que análise da reprodução requer caracterização dos sexos como entidades biossociais em relacionamento, situados em contextos históricos específicos, e que, na sociedade moderna, a mulher é sujeita a uma dupla contradição reprodutiva.