Respostas
Resposta: 1. Heranças coloniais e 2.Segregação racial
Explicação:1. Heranças coloniais
A herança colonial é um fator comum em quase todos os países da América Latina e da África, especialmente aqueles que foram colonizados por países como Portugal, Espanha, Inglaterra e França. Para o propósito deste texto, vamos focar no Brasil. É evidente que a formação da estrutura sociopolítica e econômica do nosso país foi profundamente influenciada por uma estrutura colonial hierárquica, centralizada e discriminatória, onde havia pouco interesse em distribuir riquezas, dar direitos políticos à população local e incluí-la na administração e consumo de produtos nativos. Durante o período de dominação portuguesa, a maior parte da produção local brasileira era drenada pelo mecanismo de circulação colonial, já que os preços dos produtos metropolitanos eram altíssimos e mais de 90% da renda disponível era concentrada nas mãos dos poucos proprietários de engenhos e plantações.
Os povos ibéricos (vindos de Portugal e Espanha), pelos quais fomos colonizados, trouxeram um modelo de colonização marcado pelo uso intensivo da mão-de-obra escrava e da estrutura latifundiária, que serviu para consolidar um sistema econômico exclusivo, já que colocava grandes partes da terra nativas nas mãos de poucos. As raízes da nossa sociedade são, portanto, altamente desiguais.
2.Segregação racial
A segregação de pessoas de acordo com sua raça e/ou etnia também caracteriza uma causa estrutural da desigualdade econômica. Tal fato pode ser observado tanto nível nacional quando local. A nível nacional, observamos a segregação racial em países onde a mesma foi institucionalizada. A nível municipal, a observamos em espaços urbanos onde existe uma segregação racial territorial, que se apresenta pelo menos de duas formas: em aglomerados populacionais (favelas) – onde há maior concentração de pessoas negras – e no acesso desigual à espaços públicos e serviços, já que eles são mais facilmente acessados pela população branca concentrada nos grandes centros.
Esse exemplo é muito visível em países como a África do Sul, que experimentou períodos de segregação racial institucionalizada com o regime do Apartheid. Tal regime propagou a separação racial entre 1948 e 1994 e deixou legados contra os quais o país ainda luta. Hoje, a África do Sul enfrenta um índice de desemprego de 25%, em que a maioria dos desempregados são negros. Segundo um censo realizado em 2011, os cidadãos negros, que compõem quase 80% da população total, ganham, em média, um sexto do salário dos cidadãos brancos.
No Brasil, essa situação também é notável, ainda que a segregação não tenha tido amparo legal ao longo da história. Um exemplo visível de segregação racial no Brasil, que também exemplifica sua relação com a desigualdade econômica, são os espaços urbanos. O sociólogo Danilo França pesquisou o problema usando como referência a cidade de São Paulo e chegou à conclusão de que a segregação pode ser observada no acesso a recursos, ao mercado de trabalho, a serviços públicos e a equipamentos culturais e de consumo. De acordo com ele, os grupos concentrados em periferias possuem menos acesso a recursos importantes para o seu desenvolvimento, que se concentram em bairros centrais. De forma similar, a geógrafa e pesquisadora Luciana Maria da Cruz afirmou que, pelo fato de a história do Brasil ser marcada pela concentração de riquezas, a desigualdade socioespacial se tornou uma consequência, e a raça, um fator vinculado a isso. Na medida em que os espaços públicos perdem sua coletividade, conjuntos habitacionais passam a ser ocupados por pessoas de classes econômicas altas e as regiões centrais são supervalorizadas, e assim alguns grupos tendem a se isolar, criando ainda mais desigualdade econômica e social.
Para diminuir a desigualdade de renda é necessário resolver problemas como a segregação racial e a desigualdade de gênero, e para isso, é preciso que o poder público, o poder privado e a sociedade de civil façam a sua parte. Precisamos de políticas públicas que incentivem planejamentos urbanos que favorecem a “mescla social”, de empresas que percebam as vantagens em trabalhar-se com equipes de gênero e raça diversas e de uma sociedade disposta a quebrar preconceitos.