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O engenheiro Carlos Augusto Santos Rajão passou a infância em Jaboticatubas (MG), onde brincou muito de tico-tico fuzilado, lá pelos anos 1960. Ele diz que só os meninos (quantos quisessem!) entravam na brincadeira. Carlos acredita que hoje não há crianças que brinquem assim por lá. Será?
A brincadeira funcionava dessa maneira: "Usava-se uma bola de meia ou de borracha do tamanho de uma laranja. Cada criança, com o seu calcanhar, fazia um buraco redondo no chão, que chamávamos de ‘papão’. Os ‘papões’ ficavam uns ao lado dos outros, geralmente na forma circular".
"Cada menino rolava a bola em direção aos ‘papões’, em uma distância predeterminada. Se a bola não caísse em um papão, jogava-se novamente. Quando a bola caía num papão, o dono deveria correr, apanhar a bola e atirá-la em direção a um garoto. Se acertasse, tinha que gritar: ‘Tico-tico fuzilado!’ Então, a criança colocaria uma pedrinha chamada de ‘ovo’ dentro de seu ‘papão’. Caso errasse a pontaria, o atirador é que colocaria o ‘ovo’ em seu ‘papão’.
Quando atingisse o limite de, por exemplo, três ‘ovos’ dentro de um ‘papão’, o dono era fuzilado. A criança tinha de ficar de frente para uma parede e de braços abertos. Daí os outros jogadores atiravam a bola naquele que estava no paredão.