Fernando Augusto, branco (recessivo), de olhos azuis (dominante), cabelos lisos (dominante) e com lábios finos (recessivo), casou-se com Joyce, Morena (dominante), olhos castanhos (recessivo), cabelos cacheados (dominante) e lábios grossos (recessivo). Quais as possibilidades de Fernando e Joyce, terem 1 filho que seja, loiro, olhos castanhos, cabelos lisos e lábios grossos?
Alguém pode me ajudar
Respostas
Resposta:
“Nós buscávamos algo mais localizado. (...)
Conviver com os índios é muito humilhante, se você tiver honestidade intelectual,
porque você vê a maneira depauperada que nós estamos vivendo hoje. Por exemplo, a arte
que nós fazemos, os conceitos deles são completamente diferentes. Por exemplo, dentro do
pensamento deles, não podemos mudar uma obra de arte de local. Porque se achou que
ela tem um local no mundo, você não pode transportar ela para qualquer lugar. A obra de
arte ocidental está em todos os lugares, em todos os conceitos, ela não tem
necessariamente que ver com algum conceito específico. Tem mais a ver com o valor e a
estética. E quando uma obra vale tantos milhões, isso acaba influenciando a própria
estética da obra. Acaba conferindo um valor estético que algumas vezes a obra não tinha
originalmente. É um valor conferido de forma abstata.
Isso não existe no mundo indígena. Lá os trabalhos estão inseridos no contexto
metereológico, cósmico, das estações do ano. Cantos não são feitos a qualquer hora, por
qualquer pessoa, de qualquer idade. Crianças, homens, mulheres, curandeiros, cada um
tem um canto. Não existe essa coisa genérica, existe como uma espécie de conexão da arte
com o mundo, com toda as dimensões da existência. Nós vivemos completamente
desconexos. Você vê a obra de arte do mundo não indígena, do mundo dominante, ela é
flutuante, é muitas vezes vazia. Muitas vezes ela não está no contexto próprio. Às vezes ela
está num contexto que a diminui, às vezes ela está num contexto que é diminuído por ela. E
tudo isso afeta ela muito mais do que as pessoas estão acostumadas a perceber. Seria
importante pensarmos mais nisso, nas diferenças do olhar indígena e do nosso, até para
fazer elementos de cura para o mundo ocidental. (...)
É que você realmente entra em um mundo completamento ordenado.
Aparentemente você não vê ordem, mas desconfia que existe um lugar das coisas. E
quando você entra, não tem mais dúvida. Tudo tem lugar, hora, contexto. Você não pode
de maneira nenhuma, cruzar essas coisas. (...)
É uma experiência diversa, que nos diz que não existe aquela coisa do eterno
presente, e ajuda a desalienar o nosso pensamento. É preciso aprender com eles que a
gente está em uma realidade falsa, descontextalizada, imperada pelo capitalismo, pelos
valores abstratos. E a arte está navegando nisso. Haverá um ponto em que a gente terá que rever isso”
espero ter ajudado