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Resposta:Neste 10 de setembro, dia mundial de prevenção ao suicídio, temos um motivo a mais para combater o estigma e falar sobre esse tema tão difícil: uma pandemia que mexeu (e ainda mexe) com a saúde, o emocional e o bolso dos brasileiros. A Covid-19 chegou num momento em que as autoridades já alertavam para as taxas crescentes de automutilação e suicídio entre os jovens, e ela elevou ainda mais o risco dos fatores responsáveis por essa “epidemia” de transtornos mentais.
Dados do Ministério da Saúde publicados no ano passado indicam que jovens de 15 a 29 anos de idade concentraram 45,5% das ocorrências de autoagressões, automutilações e tentativas de suicídio de 2011 a 2018. O número passou de 14.490 para 95.061, uma escalada que assusta. E os especialistas são unânimes em dizer que os dados oficiais estão aquém da realidade. O cenário fez o governo federal sacionar o Plano Nacional de Prevenção à Automutilação e ao Suicídio, que torna obrigatória a notificação dessas ocorrências não só pelos hospitais, mas também pelas escolas públicas e privadas.
Pais e escolas precisam saber identificar se um adolescente está sofrendo, bem como os profissionais de saúde que estão na linha de frente do atendimento. Acima de tudo, é preciso investir em formas de ajudar o jovem a lidar com suas emoções e dificuldades. Desenvolver habilidades para lidar com o estresse é algo que pode ser ensinado desde cedo, em casa e na escola, desde que pais e professores saibam onde buscar orientações.
Ampliar o acesso a serviços de saúde mental gratuitos é outra demanda urgente, já que a maioria dos suicídios tem relação com transtornos mentais. Apesar disso, diagnosticar e tratar quadros de depressão, transtorno bipolar e abuso de drogas, entre outros, não resolve todo o problema. A solução envolve outras esferas da sociedade.
Um estudo recente da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), concluiu que o crescimento de 25% nas taxas de suicídio entre adolescentes de 2006 a 2015 pode ter relação com os altos índices de desemprego no país. Sentimentos de desesperança, inutilidade e falta de propósito, comuns a quem sofre de depressão, também são vistos como fatores psicológicos que podem desencadear o comportamento suicida.
Existem indícios de que o uso mais intenso da tecnologia também esteja por trás do aumento de lesões autoprovocadas entre os jovens. A conexão é apontada em pesquisas feitas nos EUA, Reino Unido e Canadá, e inclusive em um estudo que eu fiz em 2018 e 2019 em parceria com Grupo Positivo, o Portal Educacional e a Katru Assessoria em Informação. De 3.305 alunos de escolas públicas e privadas, 25% já tinham provocado alguma forma de automutilação e 10%, pensado em suicídio. E quem passava mais de nove horas por dia conectado em smartphones, tablets ou computadores teve risco quase duas vezes e meia maior de se queixar de tristeza, angústia, ansiedade e estresse, quando comparados a quem fica menos de duas horas.
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