no território pankará existe Marcos históricos que são considerados bens do nosso patrimônio cultural quais são eles
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Artesanato Pankararu: Memória e patrimônio, educação e sustentabilidade
O projeto de pesquisa e capacitação teve como foco os saberes artesanais Pankararu relativos às fibras vegetais. Seu objetivo é duplo: de um lado, a recuperação e registro dos saberes e fazeres tradicionais, tendo em vista um uso memorial e pedagógico e, de outro, a capacitação das artesãs e multiplicadoras indígenas na adaptação e inovação de sua produção para o mercado.
Devido ao desinteresse das novas gerações, as dificuldades de acesso às matérias primas e ao modo facilitado e socialmente valorizado pelo qual os artefatos industrializados penetram no cotidiano das comunidades – mesmo as mais rurais e tradicionais –, os saberes e práticas tradicionais de produção de artefatos artesanais sofrem riscos de desaparecimento, levando consigo modos de conhecer e se relacionar com o mundo, memórias coletivas, memórias corporais e modos de se relacionar com a natureza plenamente adaptados à ecologia local. Ao mesmo tempo, tal adoção de objetos industrializados exporta para o contexto dessas comunidades uma separação – típica do mundo moderno – entre aqueles que fazem e aqueles que consomem, produtores e consumidores, instaurando uma dependência não só econômica, mas também no plano dos saberes.
Como nos espaços de vendas locais esses artefatos obtêm preços muito baixos, quando comparados aos preços do mercado de moda artesanal e fair trade (mercado justo) global – não condizendo com o tempo empregado na sua produção – este projeto visa incidir sobre esta situação por meio do etnodesign. Entendemos aqui por etnodesign uma modalidade específica do design apoiado no trabalho interdisciplinar e combinado do design e da antropologia, de forma a que a interferência técnica no contexto da produção artesanal de uma população tradicional e de um grupo étnico seja capaz de inovar sem desrespeitar. O etnodesign deve operar assim, como uma prática inovadora, capaz de agregar valor de mercado à produção das artesãs tradicionais, mas sem lhes expropriar de uma sensibilidade própria de caráter étnico, ético e estético.
O treinamento e a formação das artesãs e professoras possibilitam recolocar os produtos em mercados inovadores, promovendo a cultura imaterial Pankararu, fato que justifica também o investimento realizado em termos de expertise técnica das artesãs e de desenvolvimento de novas coleções de produtos. O resultado e factível, uma vez que trata se de uma tecnologia social já aplicada e reaplicada pela equipe proponente em experiências anteriores junto a outras populações tradicionais e comunidades étnicas.