Tais eram as reflexões que eu vinha fazendo,
por aquele Valongo fora, logo depois de ver e ajustar
a casa. Interrompeu-mas um ajuntamento; era um
preto que vergalhava outro na praça. O outro não se
atrevia a fugir; gemia somente estas únicas
palavras:
— “Não, perdão, meu senhor; meu senhor,
perdão!”. Mas o primeiro não fazia caso, e, a cada
súplica, respondia com uma vergalhada nova.
— Toma, diabo! dizia ele; toma mais perdão,
bêbado!
— Meu senhor! – gemia o outro.
— Cala a boca, besta! Replicava o vergalho.
Parei, olhei... Justos céus! Quem havia de ser o
do vergalho? Nada menos que o meu moleque
Prudêncio – o que meu pai libertara alguns anos
antes. Cheguei-me; ele deteve-se logo e pediu-me a
bênção; perguntei-lhe se aquele preto era escravo
dele.
— É, sim, nhonhô.— Fez-te alguma coisa?
— É um vadio e um bêbado muito grande. Ainda
hoje deixei ele na quitanda, enquanto eu ia lá
embaixo na cidade, e ele deixou a quitanda para ir
na venda beber.
— Está bom, perdoa-lhe, disse eu.
— Pois não, nhonhô manda, não pede. Entra
para casa, bêbado!(...)
Memórias póstumas de Brás Cubas, Machado de
Assis.
A] Considerando a linguagem utilizada na construção
do texto I, é possível afirmar que:
caracteriza a verdadeira expressão popular
urbana, dando-lhe integral prioridade, mesmo
no discurso do narrador.
B} registra a expressão popular, sem distinguir
narrador e personagem, como forma de nivelá-
los socialmente.
C} permite ao leitor inferir a superação de
anteriores diferenças culturais entre os
personagens, decorrentes de fatores de ordem
social.
D} revela preocupação exclusiva com a expressão
linguística de requinte formal e culto, artificial e
sem correspondência com a realidade.
E] diferencia a fala do narrador, em expressão
culta, da fala do personagem, manifestada por
meio de construções do registro informal.
hecarimudyrzada:
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letra b
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