Quien supiera escribir!
A exclamação de um verso de Campoamor me vem à lembrança às vezes – como nesse momento em que eu tanto precisaria dizer tantas coisas e não sei dizê-las. Esta é a terceira ou quarta vez que ponho o papel na máquina e começo a escrever; mas sinto que as frases pesam ou soam falso, e as palavras dizem de mais ou dizem de menos e a escrita sai desentoada com o sentimento.
BRAGA, Rubem. 200 crônicas escolhidas. Rio de Janeiro: Record, 2007. p. 53.
Hoje não escrevo
Chega um dia de falta de assunto. Ou, mais propriamente, de falta de apetite para os milhares de assuntos. Escrever é triste. Impede a conjugação de tantos outros verbos. Os dedos sobre o teclado, as letras se reunindo com maior ou menor velocidade, mas com igual indiferença pelo que vão dizendo, enquanto lá fora a vida estoura não só em bombas como também em dádivas de toda natureza, inclusive a simples claridade da hora, vedada a você, que está de olho na maquininha. O mundo deixa de ser realidade quente para se reduzir a marginália, purê de palavras, reflexos no espelho (infiel) do dicionário.
ANDRADE, Carlos Drummond de. De notícias e não notícias faz-se a crônica.
Rio de Janeiro: Record, 1974. p. 46.
O texto de Rubem Braga não estabelece relação intertextual com o texto de Carlos Drummond de Andrade, no entanto, ambos estão ligados
A)pela criação de um texto que tematiza a fluidez do autor ao escrever
B)pela concepção do encontro com a literatura como um desafio sentimental.
C)pela citação de uma tecnologia de digitação obsoleta: a máquina de escrever.
D)pela mesma rede interdiscursiva que se caracteriza por abordar uma temática comum: o desafio do ato de escrever.
Respostas
respondido por:
1
Resposta:
Letra A, porque ele tá explicando o porque dele ter escrito o texto.
isabelgatinha12:
jaque tem como vc conversa com migo
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