Respostas
Resposta:
Para melhor compreender o problema proposto em sala de aula, o conceito de
hibridismo é desenvolvido aqui juntamente com outro conceito: a mestiçagem.
Icléia Cattani, no texto Conceito e Desdobramentos, presente em seu livro Mestiçagens
na Arte Contemporânea (2007), afirma que o conceito denominado mestiçagem tem relação e
vínculo com a questão da impureza. Esse conceito, oriundo do campo antropológico, definia,
inicialmente, a mestiçagem como miscigenação das ditas raças branca, negra e indígena, no
sentido de mistura ou contaminação. No campo artístico, a mestiçagem seria a mistura ou contaminação de dois ou mais elementos. Segundo Cattani, no conceito aplicado às artes,
mestiçagem difere de hibridação, pois os elementos constituintes do primeiro são percebidos,
mantendo suas especificidades, apesar da fusão.
A mestiçagem na Arte Contemporânea apresenta a coexistência entre o velho e o novo,
as novas tecnologias e as velhas práticas, somando-se umas às outras sem manter um eixo ou uma
linha que delimite os elementos entre si. Constitui-se em um esquema de possibilidades abertas
em partes que se combinam e recombinam sem restrições. Há obras em que ocorre o cruzamento
entre linguagens tradicionais e novas tecnologias, bem como há obras que se utilizam de apenas
uma linguagem, aplicada de maneira nova sobre outros meios. Assim, há a possibilidade de
inúmeros sentidos e significações que se alteram tanto quanto há possibilidades de combinações
entre os elementos. Outra característica intrínseca às mestiçagens é a questão das tensões
existentes na obra, mais especificamente, entre os elementos dela que provocam a mutabilidade, a
imprecisão e a incerteza permanentes na obra, mesmo depois de pronta.
Já o termo hibridismo tem aplicação em diversos campos do conhecimento humano
(BURKE, 2003). O autor Peter Burke disserta sobre algumas dessas inserções no campo da
cultura, da música, das artes visuais, da linguagem etc. No campo das artes, o hibridismo ocorre
em diversos níveis, desde o cruzamento de estilos até o cruzamento de materiais. Segundo
Cattani, o híbrido na Arte apresenta a característica de fusão, em que os elementos constituintes
da obra se perdem para dar origem a um terceiro elemento. Esses elementos seriam ainda de
gêneros diferentes, como natureza-cultura, política-ciência, peixe-gato, lobisomem etc.
Desse modo, as hibridações e mestiçagens apresentam-se em inúmeros casos dentro de
uma grande rede de possibilidades que, com o passar do tempo, parecem cada vez mais distantes
de limites predeterminados ou centralizações.