Respostas
Resposta:
Inicialmente, é evidenciada a necessidade de implementação da Lei 11.645/08, que torna obrigatória a abordagem escolar das histórias e das culturas negras e indígenas. Em seguida, defende-se que: ressaltar tais culturas e histórias não implica vê-las fechadas em si mesmas; não é necessário estabelecer oposição frontal entre brancos, negros e índios; importa evidenciar o silenciado, os mecanismos de dominação e de exploração entre os grupos humanos e dissolver nossas certezas para que, ao descobrirmos outros significados, desconstruamos nossas percepções e categorizações, tornando-nos mais capazes de abordar tais histórias e culturas. Restringindo a discussão para a área de Educação Matemática, esses tópicos são, então, discutidos a partir dos referenciais da Etnomatemática, da História Cultural e dos Estudos do Imaginário. Finalmente, nesse contexto, é apresentado um breve estudo do maracatu para sugerir aos professores algumas possibilidades de ação.
Explicação:
Na tentativa de compreender os processos de produção de diferentes saberes relativos a quantificação, contagem, inferência, localização espacial, localização temporal e classificação, bem como a diversidade de pensamentos a respeito da educação e da matematização, é que, ao longo dos últimos anos, tenho empreendido pesquisas que privilegiam, sobretudo, saberes de origem indígena e negra. Nessa busca, enfoquei, principalmente, as relações existentes entre os mitos de diferentes povos e suas concepções de tempo, espaço e número. Ao fazê-lo, concluí que a escola e a matemática veiculam - além de conheci-mentos - valores, crenças, mitos, símbolos e representações, entre outros. Percebi, ainda, que os mitos fundantes de diferentes povos revelam cosmovisões diversas, capazes de gerar diferentes maneiras de pensar, sentir, atuar e matematizar. Por sua vez, tal fato acarretou a desconstrução de algumas certezas sobre os modos, conscientes e inconscientes, como reproduzimos técnicas de dominação da nossa própria cultura na relação com as outras. Isso levou-me, finalmente, a pensar sobre as possibilidades pedagógicas das festas populares - como expressões de histórias míticas e ritos - na implementação da Lei 11.645/08.