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A imigração açoriana para o Brasil está ligada ao projeto colonial português de efetivar a territorialização das terras no novo mundo, enfrentando e impedindo a invasão estrangeira em solo brasileiro. Um dos motivos que levou Portugal a instituir um efetivo projeto de colonização no Brasil foram as tentativas de invasão por nações que não aceitavam os limites impostos pelo Tratado de Tordesilhas, além da consolidação de fronteiras em áreas que também despertavam o interesse dos espanhóis, destacadamente nos arredores da Bacia do Prata.
Os primeiros casais açorianos instalaram-se no Brasil 1617, recebendo apoio lusitano para se estabelecerem em território brasileiro, em áreas consideradas estratégicas para a consolidação do projeto colonial português no Brasil. Os açorianos que imigravam para o Brasil buscavam melhores condições de vida, visto que em Açores o pauperismo assolava a sociedade, devido à perda de fertilidade dos solos e, sobretudo, após os eventos sismográficos que aconteceram em 1677. Para os migrantes, vir para solo brasileiro significaria poder sair da miséria que viviam em sua terra natal.
Chegando ao Brasil, os migrantes açorianos ocuparam terras sobretudo em Porto Alegre (cidade que já foi chamada de Porto dos Casais, em alusão aos casais açorianos que ali desembarcaram) e Santa Catarina, formando ao longo do século XVIII importantes colônias nessas cidades. Atualmente, no centro de Porto Alegre, existe o "Monumento aos Casais Açorianos", esculpido por Carlos Gustavo Tenius, homenageando os sessenta primeiros casais que desembarcaram na cidade.
Durante o século XVIII, a imigração de açorianos ganhou força no Brasil, sendo uma consequência da desestruturação da economia canavieira em Açores e das frustradas tentativas de desenvolver novas atividades agrícolas que pudessem substituir a cana de açúcar. Além das questões econômicas, nesse período outros dois fatores contribuíram para a acentuação do fluxo: as notícias que chegavam em Açores de melhoria das condições de vida daqueles que migraram para o Brasil e as tentativas de reunir os membros da família em terras brasileiras. As motivações econômicas, contudo, ainda era a razão principal para o fluxo.
No século XIX, a migração de açorianos para o Brasil adquire uma nova faceta: o tráfico de mulheres dos Açores que chegavam ao país, sobretudo no Rio de Janeiro, e eram forçadas a trabalhar em prostíbulos. Ramalho Ortigão, no décimo volume de “Farpas” afirma que “os Açores são a parte do país que exporta maior número de mulheres. Estas mulheres são escrituradas ao chegarem ao Rio de Janeiro, muitas delas a bordo mesmo dos navios que as transportam”.
Nos primeiros anos do século XX, o fluxo de açorianos ainda era perceptível no Brasil. Entretanto, a partir de 1930 a imigração entrou em declínio, graças a lei estabelecida por Getúlio Vargas que estabelecia cotas de migração para o Brasil, contendo assim a vinda de pessoas de outras nações, inclusive do Açores.
Cristovão de Aguiar afirma que uma das maiores influências açorianas no Brasil é linguística, ocorrendo uma grande troca entre a língua portuguesa falado no brasil e a de açores, destacadamente em Porto Alegre e Santa Catarina, principais áreas de ocupação dos imigrantes de Açores, conforme já abordado. Existiu uma influência linguística mais ampla do açoriano no brasileiro do que o inverso, visto que, dificilmente um migrante do Açores que se estabeleceu no Brasil retornou para seu território de origem.