A filosofia, além do privilégio histórico de ter sido
a primeira tentativa de compreensão do mito, tem
consciência, desde a sua origem, do seu parentesco
com ele. A filosofia, se não filha, é, pelo menos, irmã
mais nova do mito e estabeleceu desde o seu berço
uma fascinante relação de amizade e confronto com
esse irmão mais velho.
PERINE, Marcelo. Mito e Filosofia. PHILÓSOPHOS. v. 2. p. 36, 2002.
Compreende-se a relação entre filosofia e mitologia,
como:
A) Filosofia e mitologia são formas de compreensão da
realidade inteiramente independentes.
B) Filosofia e mitologia são disciplinas que nascem
juntas, nos primórdios da civilização grega.
C) A mitologia rejeita o pensamento filosófico,
entendendo-o como radicalmente oposto a ela.
D) A mitologia teve sua origem no pensamento
filosófico, a partir dos filósofos pré-socráticos.
E) A filosofia surgiu após o mito e buscou ao mesmo
tempo racionalizá-lo e compreendê-lo.
Respostas
Resposta:
Considerados há muito tempo como antagônicos, mito e filosofia protagonizam atualmente uma (re)conciliação. Desde os primórdios, a Filosofia, busca do saber, é entendida como um discurso racional que surgiu para se contrapor ao modelo mítico desenvolvido na Grécia Antiga e que serviu como base de sua Paideia (educação). A palavra mito é grega e significa contar, narrar algo para alguém que reconhece o proferidor do discurso como autoridade sobre aquilo que foi dito.
Assim, Homero (Íliada e Odisseia) e Hesíodo (Teogonia e Dos trabalhos e dos Dias) são considerados os educadores da Hélade (como se chamava a Grécia) por excelência, bem como os rapsodos (uma espécie de ator, cantor, recitador) eram tidos como portadores de uma verdade fundamental sobre a origem do universo, das leis etc., por reproduzirem as narrativas contidas nas obras daqueles autores.
Foi somente a partir de determinadas condições (navegações, uso e invenção do calendário e da moeda, a criação da democracia que preconizava o uso da palavra, bem como a publicidade das leis etc.) que o modelo mítico foi sendo questionado e substituído por uma forma de pensar que exigia outros critérios para a confecção de argumentos. Surge a Filosofia como busca de um conhecimento racional, sistemático e com validade universal.
De Aristóteles a Descartes, a Filosofia ganhou uma conotação de ciência, de conhecimento seguro, infalível e essa noção perdurou até o século XIX, quando as bases do que chamamos Razão sofreu duras críticas com o desenvolvimento da técnica e do sistema capitalista de produção. A crença no domínio da natureza, da exploração do trabalho, bem como a descoberta do inconsciente como o grande motivador das ações humanas, evidenciaram o declínio de uma sociedade armamentista, excludente e sugadora desenfreada dos recursos naturais. A tendência racionalista fica, então, abalada e uma nova abordagem do mundo faz-se necessária.
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