O tu do meu amor fiel traslado
Mariposa entre as chamas consumida,
Pois se à força do ardor perdes a vida,
A violência do fogo me há prostrado.
Tu de amante o teu fim hás encontrado,
Essa flama girando apetecida;
Eu girando uma penha endurecida,
No fogo que exalou, morro abrasado.
Ambos de firmes anelando chamas,
Tua vida deixas, eu a morte imploro
Nas constâncias iguais, iguais nas chamas.
Mas ai! que a diferença entre nós choro,
Pois acabando tu ao fogo, que amas,
Eu morro, sem chegar à luz, que adoro.
Questão 1- A quem se refere o pronome “nós” na última estrofe?
Questão 3- Qual a estrutura de um soneto?
Respostas
Resposta:
segunda-feira, 10 de outubro de 2016
Análise do soneto "Amor Fiel" de Gregório de Matos
Amor Fiel
“ Ó tu do meu amor fiel traslado
Mariposa entre as chamas consumida,
Pois se à força do ardor perdes a vida,
A violência do fogo me há prostrado.
Tu de amante o teu fim hás encontrado,
Essa flama girando apetecida;
Eu girando uma penha endurecida,
No fogo que exalou, morro abrasado.
Ambos de firmes anelando chamas,
Tu a vida deixas, eu a morte imploro
Nas constâncias iguais, iguais nas chamas.
Mas ai! que a diferença entre nós choro,
Pois acabando tu ao fogo, que amas,
Eu morro, sem chegar à luz, que adoro.”
-Gregório de Matos
Gregório de Matos, sempre opta por, através da contradição, evidenciar em seus poemas a importância pessoal das coisas. É dessa forma que ele costuma analisar as características do estilo barroco. No soneto acima, o amor (neste caso concebido e perdido) é comparado à morte da amada, como se fosse uma oposição entre a luz (amor) e a escuridão (morte). Veja que a morte da amada está em um sentido figurado, o que significa que a amada entregou-se a outro amor, outro fogo, é isto que o poeta considera como morte. Vida, para o poeta, é o amor que ele próprio sente. E ainda neste soneto podemos encontrar metáforas que são frequentes na poesia barroca. (“Fogo” para o amor e “Luz” para a amada).
-Allayne Souza