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Atualmente, vivemos uma crise da verdade. O negacionismo ganha novamente espaço dentro da sociedade e coloca em xeque preceitos básicos e já sedimentados pela ciência no mundo. Esse movimento se apresenta travestido de “polêmicas”, por isso, é importante tomar cuidado com ele.
A problemática da veracidade é irrigada por ingredientes presentes nas estratégias dos “mercadores da dúvida”. Dessa forma, tais agentes procuram uma falsa simetria na argumentação científica e criam teorias conspiratórias para explicar o inexplicável.
Um bom exemplo da atuação do negacionismo é em relação ao aquecimento global. De fato, existe uma desestruturação do conhecimento por parte da população, gerando um descrédito em relação ao tema, entretanto, também vemos empresas de petróleos e indústrias ajudando a disseminar contestações à ciência do clima.
A movimentação dessas particularidades é perigosa. O campo do debate vira uma discussão ideológica capaz de influenciar a opinião pública e legitimar governantes com posições anticientíficas.
Entretanto, infelizmente, o aquecimento global não é o único consenso científico questionado pelos negacionistas. Temos o movimento antivacinas, a crença de que a terra é plana, o dito de que o Holocausto não existiu, entre outros. Portanto, é necessário compreender melhor o negacionismo a as suas consequências.
O que é negacionismo?
Negacionismo é a escolha de negar a realidade como forma de escapar de uma verdade desconfortável. Na ciência, o negacionismo é definido como a rejeição dos conceitos básicos, incontestáveis e apoiados por consenso científico a favor de ideias, tanto radicais quanto controversas.
Dessa forma, o negacionismo costuma se fortalecer quando a sociedade se depara com situações de instabilidade, como uma crise ou algo nunca antes presenciado. Quando em oposição a evidências científicas, o movimento encontra sustentação em teorias e discursos conspiratórios, sem aprofundamento e isolados, que acabam favorecendo disputas ideológicas, interesses políticos e religiosos.
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Nesse sentido, alguns autores colocam o negacionismo como uma “pseudociência que contradiz um mundo imenso de teorias, verdades comprovadas e pesquisas sérias”. Sendo assim, o objetivo final dele – além de criar polêmicas retóricas e desnecessárias – é rejeitar alguma afirmação que encontra consenso no meio científico e em teorias solidamente comprovadas.
Além disso, as pessoas que seguem essa ideologia tentam propor experimentos para comprovar seus ideais na prática. Entretanto, encontram limitação teórica e de equipamentos, o que os leva a criar falácias com uma conclusão inválida.
Origem da teoria negacionista
A teoria negacionista é uma estratégia antiga e bem sucedida de “minar” conceitos científicos. A ideia foi aplicada pela primeira vez nos EUA, em 1950, quando a indústria de tabaco desenvolveu um manual de relações públicas para reagir às evidências científicas das pesquisas clínicas, que ligavam o fumo ao câncer. O objetivo, ao constatar essas evidências e contrapô-las ao consenso científico, era o de criar a “dúvida”.
Essa mesma “dúvida” do negacionismo foi utilizada para negar o buraco da camada de ozônio em 1980. Na mesma época, evangélicos americanos também usaram a mesma estratégia para forçar o ensino do “criacionismo” nas escolas, equiparando a inspiração bíblica da criação e derrotando a teoria da evolução.
Ainda, as indústrias de carvão mineral e petróleo, em 1990, fizeram de tudo para desacreditar a ciência climática e barrar a ação contra o aquecimento global. Por isso, vemos hoje, em pleno século XXI, o desmatamento da Amazônia e a “permissão” para as queimadas e exploração dos garimpos e minério, que tanto causa debates e discussões políticas, inclusive em âmbito internacional.
O fenômeno da pós-verdade
Era comum a geração mais velha dizer “é comprovado cientificamente” quando queria sustentar uma argumentação. Hoje, essa tática já não tem a mesma eficácia, pois a confiança na ciência está diminuindo.
Dessa forma, os que apoiam a teoria negacionista generalizam dúvidas e argumentos superficiais não comprovados, o que provoca uma descrença nas instituições científicas. Tal movimento favorece a disseminação de fatos escancaradamente anticientíficos, contando inclusive, com o apoio de governos e setores políticos.
O fenômeno da pós-verdade (fatos objetivos que passam a ter menos influência do que crenças pessoais na opinião pública) é um sintoma extremo dessa crise. Muitas pessoas não enxergam que a ciência existe para beneficiar a sociedade e seus indivíduos. A pós-verdade não designa só o uso oportunista da mentira: sinaliza um ceticismo quanto ao benefício das verdades e suas evidências factuais,
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