• Matéria: Ed. Física
  • Autor: mileneferreira93
  • Perguntado 4 anos atrás

A capoeira foi desenvolvida pelos escravos do Brasil como forma de praticarem em segredo a sua arte, transmitir a sua cultura e resistir aos seus opressores. Por que os escravos uniram a música à capoeira nas senzalas? *

Respostas

respondido por: mmicaelepereiradasil
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Apesar de hoje a entendermos como parte da construção da identidade nacional, a capoeira foi explicitamente considerada crime em 1890 pelo Código Penal do Brasil, logo após a abolição da escravatura. Segundo o artigo 402 deste código, ficava proibido:

“Art. 402. Fazer nas ruas e praças públicas exercício de agilidade e destreza corporal conhecida pela denominação Capoeiragem: andar em carreiras, com armas ou instrumentos capazes de produzir lesão corporal, provocando tumulto ou desordens, ameaçando pessoa certa ou incerta, ou incutindo temor de algum mal;”

Quem fosse pego praticando a capoeira poderia ter pena de dois a seis meses de prisão. Mas antes mesmo da abolição da escravidão, no Código Penal da época imperial, a capoeira já se enquadrava na classificação de vadiagem e, portanto, já era entendida como crime. A habilidade corporal e a destreza dos capoeiristas, que poderia ser usada contra os seus repressores, além da possibilidade de uma rebelião escravista, são apontadas como razões para torná-la um crime.

Foi somente em 1937 que a capoeira deixou de ser considerada um crime e isso se deve, em grande medida, ao esforços do Mestre Bimba. Para afastar-se da imagem marginalizada que a capoeira tinha na sociedade, a luta começou a ser praticada em academias e este Mestre foi o criador da primeira delas, em 1932. Sua academia ganhou alvará de funcionamento em 1937 com a descriminalização da prática. Nesse mesmo ano, mestre Bimba chegou a fazer uma apresentação de capoeira para o então presidente Getúlio Vargas. A partir de então capoeira ganha status de esporte no Brasil.

Falando em esporte, que tal conferir as 5 vezes em que futebol e política se cruzaram?

A luta pelo reconhecimento da capoeira foi travada por inúmeros mestres, capoeiristas, artistas e pesquisadores sobre o tema. Em 2004, quando ocupava o cargo de Ministro da Cultura, Gilberto Gil fez um famoso discurso em evento da ONU na Suíça, no qual reconhecia a importância da prática para a formação histórica e cultural do país:

“Esta é a primeira manifestação do Estado brasileiro em reconhecimento da autenticidade cultural da capoeira. E digo mais: a dificuldade histórica deste reconhecimento pelo Estado se explica justamente pelas origens da capoeira serem parte do contexto sócio-cultural dos negros na sociedade. A capoeira deixa entrever em cada gesto o jogo de lendas e histórias heroicas do martírio do povo negro no Brasil. Chegou o momento de potencializar essa prática cultural milenar, vista apenas como esporte. Que possamos nós, em vez de desapropriar, valorizar essa base cultural imensurável.”

Desde 2014, a capoeira é considerada pela UNESCO patrimônio imaterial da humanidade. Segundo a organização, a capoeira expressa a resistência negra no Brasil e esse reconhecimento valoriza nossa herança cultural afro-brasileira.

A música na capoeira

A música era utilizada para enganar os escravizadores, que ao verem os escravos fazendo movimentos corporais ao som dos instrumentos entendiam que aquele ritual era uma dança e não uma luta. Dessa maneira, a capoeira passou muitas vezes despercebida, possibilitando a sua prática entre os negros.

O principal instrumento da capoeira é o berimbau, símbolo famoso dessa prática. Os diferentes toques do berimbau comandam o ritmo de um jogo de capoeira, alguns toques são mais lentos, outros mais rápidos, por exemplo. Há alguns simbolismos relacionados aos toques de capoeira, um dos exemplos famosos é o toque de cavalaria, um toque utilizado como aviso aos capoeiristas de que a polícia estava chegando, na época em que os praticantes dessa luta eram perseguidos.

Além das músicas, são bastante famosas também as ladainhas de capoeira, espécies de histórias contadas em forma de canto. Grande parte desses cantos retratam a própria história da escravidão e do surgimento da luta. Selecionamos uma dessas ladainhas para que você possa conhecer, confira abaixo:

Ontem a noite eu tive um sonho

Ontem a noite eu tive um sonho

ontem a noite eu tive um sonho

que não me sai do pensamento

sonhei com a senzala, para mim foi um sofrimento

o sonho me lembrou todo aquele tempo passado

que o negro como um animal, era no tronco amarrado

acordei tão assustado, e comecei a pensar

que depois de tanto tempo, o negro conseguiu se libertar

eu peço aqui agora, para quem estiver me ouvindo

enquanto o negro apanhava, o branco estava sorrindo

hoje a escravidão acabou, pois vamos nos lembrar

da força de Zumbi que lutou até morrer

sua luta nos deixou hoje uma grande lição

que é lutar por nossos direitos e proteger nossos irmãos

e hoje na nossa história, não se fala nisso mais não

falam que foi a Princesa Isabel que libertou a escravidão

quando eu pego o Berimbau, sinto o corpo arrepiar

lembrando de todo passado que o negro vivia sempre a apanhar

e com a Capoeira de Angola, ele conseguiu se libertar

respondido por: henriquec1001
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 Os escravos uniram a música à capoeira nas senzalas, pois eles eram proibidos de realizar muitas ações que fossem interpretadas como ofensivas ou princípio de rebeliões por parte dos seus senhores.

 Por isso, os escravos disfarçavam golpes e o estilo de luta da capoeira por meio de música e dança, visto que se esse disfarce não existe, muito provavelmente, os escravos seriam proibidos de praticar capoeira.

 O que fazia que os senhores dos escravos achassem que a capoeira fosse um estilo de dança que fazia parte da tradição dos escravos.

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Bons estudos!

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