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Kant tinha consciência das dificuldades referentes ao ensino da filosofia. De modo que, tanto no Anúncio do programa do semestre de inverno de 1765-1766, quanto na Crítica da razão pura (1787), coloca (de maneira implícita) a impossibilidade de tal ensino. Contudo, Kant não descarta a necessidade da atividade filosófica que requer, sobretudo, o exercício da razão. No final do Manual dos cursos de lógica geral (1800), ele procede definindo quais seriam os métodos (de ensino) mais adequados, tanto na elaboração dos conhecimentos, quanto no trato dos mesmos. Dentre “As diversas divisões do método”, o mais adequado à filosofia seria, pois, o método “erotemático” (Erotematisch), que pede por reflexão, pois é o método de alguém que, além de ensinar, também interroga (frägt). Segundo a perspectiva kantiana, somente é possível filosofar, envolvendo-se de fato com a filosofia, porque ela é uma disciplina diferente das demais. Um historiador de arte não carece de pintar para ser um bom historiador; para estudar a poesia não é necessário ser poeta e, da mesma forma podemos estudar música sem tocar um instrumento. Contudo, para estudar filosofia é necessário entregar-se à argumentação filosófica.
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