qual reflexão o vídeo trouxe para você? o que mais chamou a sua atenção explique... video “Enquanto tem gente no Brasil, vai ter presença indígena” | Entrevista a Ailton Krenak
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O livro é uma adaptação de duas palestras realizadas pelo líder indígena, em Portugal, nos anos de 2017 e 2019. Ele critica a ideia de humanidade como algo separado da natureza (Foto: Neto Gonçalves/Companhia das Letras)
O autor de “Ideias para adiar o fim do mundo”, Ailton Krenak, é um líder indígena que se tornou mais conhecido quando, em 1987, fez um pronunciamento na Assembleia Constituinte em Brasília, protestando em defesa dos direitos indígenas e pintando o rosto com tinta preta de jenipapo (Jenipa americana). Quando da comemoração dos 500 anos da descoberta do Brasil, ele foi convidado para participar, mas se negou, por achar que essa era uma festa dos portugueses. Em 2017 aceitou participar da conferência “Os involuntários da pátria”, em Lisboa, num evento ibero-americano de cultura, convidado por Eduardo Viveiros de Castro. Na ocasião, foi apresentado o documentário “Ailton Krenak e o sonho da pedra”, dirigido por Marco Altberg, e depois ele conversou com os participantes. Essa conversa e outra realizada no ano seguinte são apresentadas no livro.
A etnia Krenak, a qual pertence Ailton, ocupa um território indígena que vai do Nordeste brasileiro até o leste de Minas Gerais, onde passa o rio Doce; também está presente na Amazônia, na região do Alto Rio Negro, na fronteira do Brasil com Peru e Bolívia. É um território que ficou bastante reduzido devido à ação dos colonizadores, que foram dominando a área e limitando os espaços dos habitantes tradicionais da região para espaços que hoje se mantêm preservados, mas sofrendo invasões, tal como ocorria no passado.
Ailton Krenak aborda em seu livro, com certa ironia, a forma que os brancos adotam para viver, abrindo mão da liberdade de estar em contato e em harmonia com a natureza, respeitando-a como mãe.
“A modernização jogou essa gente do campo e da floresta para viver em favelas e em periferias, para virar mão de obra em centros urbanos. Essas pessoas foram arrancadas de seus coletivos, de seus lugares de origem, e jogadas nesse liquidificador chamado humanidade” (p. 14).
Assim, ele fala sobre a importância dos vínculos profundos que os indígenas têm com a memória ancestral e com as referências de identidade, que é o que livra as pessoas de enlouquecem. Diz que os indígenas não se veem separados da natureza, mas se sentem parte integrante dela. Por isso, as pedras, as montanhas, as árvores, são tratados como pessoas, como sendo seus pais, mães, filhos, parentes. Nessa troca de afeto com a natureza, eles recebem e dão presentes entre si.
Por isso, a natureza é algo sagrado para eles. Isso justifica o fato deles considerarem desrespeitoso que as corporações entrem nos territórios indígenas para criar ambientes artificiais, para “devorarem” a terra, as montanhas e os rios, deixando lixo no local. Para ele, esse desrespeito é chamado de progresso pelos brancos.
De acordo com Krenak, a separação das pessoas da mãe Terra é um processo de abstração civilizatória, na qual o consumo as leva ao impedimento de viver a verdadeira cidadania. É justamente isso que está criando falta de sentido na vida, retirando o prazer de viver, de dançar e de cantar, o que transformou a humanidade em “humanidade zumbi”. Por isso, ele diz que o que ele está fazendo naquele momento da conversa com as pessoas é “contar mais uma história”, para adiar o fim do mundo.
Diz que os antepassados indígenas usaram a criatividade e a poesia para resistir à barbaridade da civilização, à integração para entrar no “clube da humanidade”. Com isso, conseguiram adiar o fim do mundo, com estratégias de resistência continuada, e hoje sobrevivem 250 etnias com 150 línguas que vêm resistindo ao tempo. São pessoas que continuam lutando para ter o direito de ser e de viver de modo diferenciado. Essa é uma resistência ao processo de homogeneização proposta pelo branco “civilizado”.
Krenak lembra que os povos indígenas resistiram desde o período da colonização à destruição, e que continuam resistindo aos processos de ocupação e destruição que ainda sofrem, até o presente momento.
“É claro que durante esses anos nós deixamos de ser colônia para constituir o Estado brasileiro e entramos no século XXI, quando a maior parte das previsões apostava que as populações indígenas não sobreviveriam à ocupação do território, pelo menos não mantendo formas próprias de organização, capazes de gerir suas vidas. Isso porque a máquina estatal atua para desfazer as formas de organização das nossa sociedades, buscando uma integração entre as populações e o conjunto da sociedade brasileira” (p. 39).
O vídeo mostrou que a cultura indígena é importante para a formação da Cultura Brasileira. Desse modo, é preciso respeitar e valorizar as crenças, os hábitos, os costumes e os valores morais que são compartilhados pelos povos indígenas.
A importância da preservação dos povos nativos
A preservação dos povos nativos é importante para a manutenção da lembrança sobre a nossa origem (como nação). Nessa dimensão da realidade, vale destacar que os índios representam os povos nativos que já viviam no Brasil antes mesmo do descobrimento (em 1500).
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