Texto I
O futebol brasileiro evocado da Europa
A bola não é inimiga
como o touro, numa corrida;
e embora seja um utensílio
caseiro e que não se usa sem risco,
não é o utensílio impessoal,
sempre manso, de gesto usual:
é um utensílio semivivo,
de reação própria como bicho,
e que, como bicho, é mister
(mais que bicho, como mulher)
usar com malícia e atenção
dando aos pés astúcia de mão.
MELO NETO, João Cabral de. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1992, p. 407.
Texto II
Foi-se a Copa?
Foi-se a Copa? Não faz mal.
Adeus chutes e sistemas.
A gente pode, afinal,
cuidar de nossos problemas.
Faltou inflação de pontos?
Perdura a inflação de fato.
Deixaremos de ser tontos
se chutarmos no alvo exato.
O povo, noutro torneio,
havendo tenacidade,
ganhará, rijo, e de cheio,
a Copa da Liberdade.
ANDRADE, Carlos Drummond de. Poesia completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2008, p. 1345.
Pode-se afirmar que os poemas “O futebol brasileiro evocado da Europa”, de João Cabral de Melo Neto (Texto I) e “Foi-se a copa?”, de Carlos Drummond de Andrade (Texto II), ao abordarem o futebol brasileiro, assumem uma perspectiva modernista, contrária ao nacionalismo romântico. A posição que está mais de acordo com a postura discursiva assumida nos dois poemas, respectivamente, é:
a) ufanista e alienada.
b) técnica e libertadora.
c) comparativa e irônica.
d) moralista e crítica.
e) reacionária e consoladora.
Respostas
Resposta: C
Explicação:
A posição que está mais de acordo com a postura discursiva adotada nos dois poemas, respectivamente, é comparativa e irônica, e por isso a alternativa correta é a letra C.
Os dois textos apresentados no enunciado da questão dissertam sobre o futebol, que é o esporte mais praticado e conhecido em todo o planeta. No entanto, cada um deles aborda o tema de maneira diferente.
No primeiro texto, o Texto I, nós percebemos uma posição do autor onde este (João Cabral de Melo Neto) disserta de maneira comparativa, pois compara o futebol brasileiro com o futebol europeu.
Já no segundo texto, o Texto II, é possível observar uma abordagem irônica do tema, uma vez que Carlos Drummond se refere à copa de futebol como um atraso ou desperdício, fazendo com que os problemas principais não sejam enxergados.
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