• Matéria: Matemática
  • Autor: josymacedo23
  • Perguntado 9 anos atrás

- " O que verdadeiramente sabemos é que não dá para contar com empréstimos para quitar dívidas de outros empréstimos já contraídos, definitivamente não é um bom negócio. Se a pessoa gasta o que tem, não dá para vender o almoço para comprar a janta!"

Reflita a respeito e responda a seguinte pergunta: "Esta afirmação é verdadeira em todas as situações ?". Apresente, pelo menos, um exemplo de que pode ser positivo adquirir um empréstimo para quitar outro.

Respostas

respondido por: adjemir
3
Vamos lá.

Não. A afirmação não é verdadeira em todas as situações.
E veja o porquê disto: se você tem atualmente uma dívida bastante onerosa e consegue um empréstimo com juros bem mais módicos, então é vantajoso contrair esse empréstimo para pagar a sua dívida.

Bem, você pede um exemplo que possa ser positivo adquirir um empréstimo para quitar outro.
Então digamos que você esteja pagando uma dívida do cartão de crédito, com juros nas alturas, digamos que a taxa de juros seja de 5% ao mês, no regime de juros compostos.
Arbitremos que essa dívida, hoje, esteja no valor de R$ 10.000,00 .
Se você continuar pagando aquele famoso "valor mínimo", que as empresas de cartão de crédito comumente praticam no valor mínimo de 10 a 15% da dívida (o que daria R$ 1.000,00 ou 1.500,00 todo mês),  a sua dívida de R$ 10.000,00 só tende a aumentar, pois sobre ela incidem juros compostos de 5% mensalmente.

Bem, dito isso, vamos a uma possível "saída" pra você pagar esse empréstimo oneroso, de 5% ao mês. Suponhamos que haja uma empresa financeira que se propõe a emprestar o valor de R$ 10.000,00, com juros compostos de 2% (ou 0,02) ao mês, num prazo de um ano (12 meses), em prestações mensais e iguais.
Com isso, de posse dos R$ 10.000,00 do novo empréstimo, você pagaria a dívida, que hoje é de R$ 10.000,00, e ficaria pagando apenas o novo empréstimo, que como dissemos antes, tem juros compostos de apenas 2% ao mês e será paga em 12 prestações mensais e iguais.

Bem, como o empréstimo a ser contraído para pagar o outro terá um prazo de 12 meses, para pagamento em 12 prestações mensais e iguais, a uma taxa de juros compostos 2% (ou 0,02) ao mês, então vamos, primeiro, calcular o coeficiente de financiamento (CF).

Assim, utilizando a fórmula para encontrar o CF, teremos:

CF = i/[1 - 1/(1+i)^n], em que "i" é a taxa de juros do novo empréstimo (2% = 0,02) e "n" é a quantidade de prestações a serem pagas (n = 12).
Assim, fazendo as devidas substituições, teremos:

CF = 0,02/[1 - 1/(1+0,02)¹²]
CF = 0,02/[1 - 1/(1,02)¹²] ---- veja que (1,02)¹² = 1,26824 (bem aproximado). Assim:

CF = 0,02/[1 - 1/1,26824] ---- note que 1/1,26824 = 0,78849 (bem aproximado). Logo:

CF = 0,02/[1 - 0,78849] ----- como 1-0,78849 =0,21151, teremos:
CF = 0,02/0,21151 ----- finalmente veja que esta divisão dá 0,094558 (bem aproximado). Assim:

CF = 0,094558 <---- Este é o nosso coeficiente de financiamento.

Agora vamos encontrar qual será o valor de cada uma das prestações mensais iguais (PMT). Para isso, basta multiplicarmos o CF (0,094558) pelo valor atual do empréstimo (R$ 10.000,00).
Ou seja, teremos que:

PMT = CF * VA , em que PMT é o valor de cada uma das prestações mensais e iguais, CF é o coeficiente de financiamento, e VA é o valor atual.
Assim, fazendo as devidas substituições, teremos:

PMT = 0,094558 * 10.000
PMT = 945,58 <---- Este será o valor de cada uma das 12 prestações mensais.

Agora veja: você está trocando uma dívida de R$ 10.000,00, bastante onerosa (pois tem uma taxa de juros de 5% ao mês, no regime de juros compostos), por um empréstimo que, apesar de não ser "barato", mas tem uma taxa de juros bem menor e que as prestações mensais são bem mais módicas e iguais (você só despende R$ 945,58 mensalmente até pagar o total do empréstimo ora contraído).

Note que, neste caso específico, é positivo contrair um empréstimo para pagar outro.


Deu pra entender bem?


OK?
Adjemir.

adjemir: Disponha sempre.
Perguntas similares