• Matéria: Português
  • Autor: helenagh0610
  • Perguntado 4 anos atrás

resenha critica sobre comida

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respondido por: Josue1607
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Respo

Em Defesa da Comida: um manifesto.

A base para a criação do livro tem origem no ensaio “Unhappy Meals” que Michael Pollan escreveu para a The New York Times Magazine em meados de 2007.

O que norteia as mais de 200 páginas é o nutricionismo e a ciência reducionista, que seriam a base da atual doutrinação na alimentação. Em que o foco é o nutriente em si, isolado, a importância deixa de ser o alimento como todo dando foco apenas a uma pequena porção dele.

 

Aponta o dedo e faz duras críticas em certos profissionais: nutricionistas, médicos e cientistas em geral. Além da indústria da alimentação. Dizendo que comer ficou tão complicado e complexo que é necessário alguém ditar o que fazer, além de ser preciso que alguém escreva sobre comida de verdade (no caso, ele próprio). E mesmo assim, com toda ajuda paradoxalmente os EUA vem se tornando um país cada vez mais obeso.

Paradoxalmente os EUA vem se tornando um país cada vez mais obeso.

Mostra com pesquisas e evidências que a dieta ocidental (leia-se americana, de modo geral) não é a mais saudável e seria um dos motivos pelos atuais índice de obesidade e problemas de saúde dos americanos.

Como o nutricionismo foca apenas no nutriente, a indústria com seus produtos altamente processados elegem um nutriente mágico e entopem-os com ele. Os mercados com seus corredores infinitos abarrotados de produtos de qualidade questionável, cheios de xarope de milho com alto teor de frutose (esse termo é repetido a exaustão) e baratos. Mas nada saudáveis. Come-se mais, alimentos pobres e hiper calóricos.

Tece comentários nada simpáticos para muitos produtos com aqueles selos de aprovação por determinada associação. Informa que a indústria consegue o tal selo mediante pagamento de uma taxa! É quase lobby, não? Confesso que aqui eu fui bem inocente, não havia vislumbrado que o processo era assim. E me questionei: se lá nos EUA é assim, como será aqui no Brasil? Estou me coçando para ir atrás de algumas associações e perguntar.

 

O texto ainda aborda a questão da aurea dos produtos orgânicos que muitos consumidores atrelam a “saúde”, como se fosse sinônimo. O exemplo dado é: para o seu corpo não irá fazer diferença nenhuma se o xarope de milho com alto teor de frutose (olha ele aqui de novo!) é orgânico. E do ponto de vista da saúde o que adianta aquele biscoito super processado ou o refrigerante serem orgânicos?, pondera. Muito mais do que ser orgânico é preciso ser local, sazonal e comprado do produtor.

Reforça que a busca pelo elemento mágico nos alimentos, o dito fator X, deve ser descartada. É muito mais importante o conjunto da obra do que partes isoladas. E olhar com certo ceticismo para alimentos não tradicionais por não se conhecer direito quais os seus reais benefícios e principalmente os seus malefícios.

Um ponto que achei bem fora da nossa realidade, sugere a compra de um freezer para estocar os alimentos comprados na estação. Tudo bem que é para quem tenha espaço e, principalmente, dinheiro. Para algumas pessoas isso pode ser real, mas creio que para a grande maioria, não.

hara hachi bu: comer até estar 80% saciado

Além de comer comida, de verdade, é não abusar. Ou seja, não comer em excesso. Mostra o comportamento dos americanos e franceses. Os primeiros só param de comer quando a comida acaba (do prato, do pacote…), enquanto o segundo estão saciados. Isso que os franceses comem menos, mas demoram mais tempo na refeição (segundo o autor). Comenta sobre o princípio do povo de Okinawa (Japão) chamado hara hachi bu: comer até estar 80% saciado. Faço um gancho com Como Emagreci 30kg.

É um discurso honesto, verdadeiro e sincero em prol da comida e por que não, das pessoas. Se concordo inteiramente com ele? Oh, não. Mas isso não significa que seja descartável. Entretanto existe um ponto que precisa ser bem compreendido: o manifesto mostra basicamente a realidade dos EUA. E aí que mora o perigo.

O manifesto mostra basicamente a realidade dos EUA

Discernimento é a palavra. Quero dizer, boa parte do que é indicado ou recomendado está inserido na realidade norte-americana que é diferente dessa parte dos trópicos em que estamos. Assim, usar o mesmo discurso — literalmente — aqui é um erro crasso por não prestar atenção na cultura local. Isso que nem entramos no quesito sócio-econômico.

Infelizmente, é perceptível que muitas pessoas tomam as ideias de Pollan como verdade absoluta que acaba sendo deturpada, perde coerência e utilidade real. Acredito que que seja mais uma fonte de inspiração do que algo mandatório.

Tenho para mim uma quase certeza: se Michael Pollan fosse brasileiro, ele não teria seu trabalho editado. Dentro do seu manifesto, Pollan não fica cheio de dedos, aponta e ainda cutuca a ferida. Ou seja, faz aquilo que o jornalismo deveria fazer. Promove o pensamento e a crítica.

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