Respostas
Resposta:
As incertezas e os efeitos econômicos trazidos pela irrupção da pandemia de Covid-19 no início de 2020 geraram um rápido movimento de revisão de projeções para o desempenho da economia mundial. As preocupações se estenderam ao comércio mundial, criando expectativas de uma queda forte das exportações e importações ao redor do mundo. Felizmente, as piores previsões não se confirmaram, e o desempenho do comércio mundial tem sido surpreendentemente favorável em vista da gravidade do cenário. Na verdade, nesta crise, o comércio vem tendo um desempenho bem diferente do observado em outros momentos de recessão mundial.
A fim de contribuir para o debate sobre o impacto da Covid-19 no comércio mundial, esta nota avalia como os fluxos de importação e exportação vêm se comportando em 2020 diante da crise pandêmica, lançando mão de indicadores mensais agregados para um conjunto representativo de países, com dados disponíveis até agosto. De fato, o que se vê até aqui é uma rápida recuperação dos fluxos de comércio a partir de maio ainda que tal recuperação venha se dando em ritmos diferentes entre os países e regiões. Os números disponíveis sugerem que a queda do quantum de comércio este ano possa ser ainda menor do que as previsões mais recentes indicam. A nota também analisa se há alguma correlação entre a variação dos fluxos de comércio e alguns indicadores específicos referentes aos países analisados, como a incidência da Covid-19 ou a importância que as cadeias globais de valor têm no comércio de cada país. Além disso, discute as perspectivas para o comércio mundial nos últimos meses de 2020 e em 2021, levando em conta as previsões disponíveis atualmente e também o balanço de riscos.
Explicação:
Novembro de 2020 marca o fechamento do maior pacto comercial do mundo, a Parceria Econômica Abrangente Regional (Regional Comprehensive Economic Partnership RCEP). O acordo contempla quinze países: aqueles que fazem parte da Associação das Nações do Sudeste Asiático1 (Association of Southeast Asian Nations Asean), a China, o Japão, a Austrália, a Coreia do Sul e a Nova Zelândia. A proposta inicial é fortalecer as cadeias de abastecimento da região em uma zona comercial em expansão, com capacidade de superar a União Europeia em produto interno bruto (PIB) e densidade populacional.De alguma forma, esse acordo pode ser visto como uma decorrência da não implementação da proposta de criação da Parceria Transpacífica (Trans-Pacific Partnership TPP), que, por ocasião do final das negociações, envolvia doze nações (Estados Unidos, México, Canadá, Chile, Austrália, Nova Zelândia, Brunei Darussalam, Japão, Peru, Singapura, Malásia e Vietnã). O pacto sinalizava uma importante diretriz da estratégia comercial e geopolítica americana, e foi fortemente apoiado pelo então ex-presidente Barack Obama. Em 2016, após cinco anos de negociação, o acordo foi fechado e, caso implementado, passaria a ser o maior acordo comercial do mundo. Entretanto, no primeiro dia de semana completo no cargo, o presidente Donald Trump aban- donou formalmente a ambiciosa TPP. Mesmo que o acordo ainda não tivesse a aprovação pelo Congresso, a postura de Trump não apenas anulou a conquista comercial de Obama como teve implicações geopolíticas em uma região de rápido crescimento. Em seu lugar, acabou sendo criado o Comprehensive and Progressive Agreement for Trans-Pacific Partnership CPTPP) com os onze países remanes- centes, cujo acordo foi assinado em 2018.