Respostas
Explicação:
Para evitar a proliferação de discursos negacionistas devem ser ouvidos os argumentos apresentados pelos expertos (e evitados os falsos expertos) não só epidemiologistas, infectologistas, sanitaristas, mas também cientistas sociais, educadores, psicólogos.
A elevação da expressão "negacionista" à dimensão filosófica e pública é um estratagema de debate retórico e erístico que serve para desqualificar de antemão a parte contrária.
Logo, o negacionismo em si não pode ser entendido como desafio ético, mas o uso da expressão "negacionista" e a desinformação sobre qualquer assunto devem, sim, ser entendidos como desafios éticos.
O termo "negacionismo" começou a ser utilizado neste último ano para etiquetar quem discorda das medidas políticas tomadas durante a crise de pandemia.
O que ocorre é que o negacionismo, definido como negação da ciência e dos fatos científicos, é, por definição, impossível: a ciência é embate de hipóteses e permanece aberta por sua própria essência. Ciência, afinal, não é dogma.
Um exemplo típico do mau uso do termo "negacionista" ocorre quando se fala do uso precoce de hidroxicloroquina: havendo distintos graus de evidência sobre a eficácia do protocolo, optou-se, via imprensa escrita e televisionada, por demonizar todo e qualquer tipo de uso de "cloroquina", ignorando-se as sutilezas e distintas correntes científicas e médicas que até hoje se contrapõem, como é de praxe na ciência.
Mais grave é o que ocorre em relação às mentiras - ou Fake News.
- Quis custodiet ipsos custodes? - Quem vigia os vigilantes?
Fake News, em tradução literal, significa "Notícias Falsas".
Ignorando-se o fato de que notícias falsas sempre circularam desde a invenção da imprensa - e sempre foram plantadas pela imprensa devido a interesses escusos - começou-se a circular tal termo para denunciar desinformações e notícias falsas.
A principal consequência, contudo, das Fake News, é a utilização de tal termo por parte da imprensa para dizer o que é certo e o que é errado, o que é verdadeiro e o que é falso. O melhor exemplo disto são as empresas de "fact-checking" (agências de checagem de fatos).
O trabalho de tais agências, teoricamente, é o de checar se determinadas notícias são verídicas. Contudo, algumas perguntas devem ser levantadas:
- Quem são os tais checadores de notícias?
- O que os qualifica para exercerem esta tarefa monumental de checar a verdade de seus pares jornalistas?
- Quem checa os checadores?
- Há algum interesse político, ideológico ou econômico que financia ou move a atividade de tais agências?
Com base na histeria das "Fake News" esquece-se da antiga frase de Juvenal, traduzida para os tempos modernos nos gibis de Alan Moore:
- Quis custodiet ipsos custodes?
Se não há quem vigie os vigilantes, como se pode confiar nos que dizem que determinada é Fake News? Até que ponto não se etiqueta de Fake News apenas a opinião divergente, contrária e oposta à opinião financiada pelos grandes veículos midiáticos?
Tornando-se expressão banal, "Fake News" serve semanalmente ao propósito de fazer calar - de censurar - opiniões contrárias de veículos menores, promovendo a cultura do cancelamento que faz tantas pessoas, no século XXI, perderem seus meios de subsistência.
Para combater uma imprensa podre, vale o velho conselho:
- A imprensa desqualificada só pode ser combatida com mais imprensa.
Para saber mais: brainly.com.br/tarefa/691184