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m Defeito de Cor (2006) é o segundo livro publicado pela escritora Ana Maria Gonçalves (1970). Narrado e protagonizado por Kehinde, mulher africana escravizada, o romance subverte a voz narrativa masculina e branca, até então utilizada e reconhecida em textos literários de ficção histórica, e se consolida como importante obra da literatura brasileira contemporânea.
Dividido em prólogo e dez capítulos, a narrativa atravessa extenso período cronológico: começa com a captura da protagonista na África, no início do século XIX, e vai até a última década deste século (1899). O enredo, construído com base em vasta pesquisa histórica e documental, oferece ao leitor um apanhado da história brasileira por meio do olhar insurgente da protagonista. A protagonista corresponde a Luísa Mahin, figura da história nacional reconhecida por participar de e liderar levantes negros pelo fim da escravidão e possível mãe do advogado e poeta abolicionista Luiz Gama (1830-1882).
A trama conta a história de Kehinde, uma menina africana escravizada no Brasil do início do século XIX. Ela passa a vida deslocando-se por várias cidades e regiões do país e do continente africano (Daomé, Ilha de Itaparica, Salvador, Rio de Janeiro, Maranhão, Nigéria). Narrada em primeira pessoa, a história se inicia com a captura da família em Daomé, na África. Vitimadas por soldados do guerreiro sanguinário Adandozan, Kehinde, sua irmã gêmea Taiwo, e sua avó são aprisionadas em um navio negreiro para serem vendidas como escravas no Brasil. Com a insalubridade dos porões do tumbeiro, a avó e Taiwo morrem durante a viagem, e Kehinde desembarca sozinha na nova terra.
No Brasil, na Ilha de Itaparica, Kehinde compreende os significados da escravidão a que está sujeita e da resistência coletiva negra, apoiada por seus vodus e orixás. Dá à luz seu primeiro filho, Banjokô, e se compromete em lutar pela liberdade. Já em Salvador, como mulher livre, torna-se comerciante e se envolve com um homem português, com quem tem o segundo filho, Luís. A procura por este filho, vendido pelo próprio pai como escravo, é o motivo das travessias de Kehinde até sua velhice. O percurso de quase 80 anos de vida da protagonista é povoado por centenas de personagens que a auxiliam e fazem da trama um imbricado retrato da sociedade brasileira no século XIX.
O texto de Ana Maria Gonçalves se encaixa na definição que a escritora Conceição Evaristo (1946) dá ao termo “escrevivências”: a escrita que surge das experiências cotidianas de pessoas negras, cujas histórias são contadas pela própria perspectiva, para provocar incômodo nos “sonos injustos da Casa Grande”. Um Defeito de Cor é erguido, literária e linguisticamente, sobre o tecido das vivências de Kehinde.
Explicação:
estava sem foto então pesquisei
@teu_134