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O preconceito está ligado a um pré-julgamento, ou seja, à formação de um conceito ou opinião antes de se ter os conhecimentos adequados sobre determinado assunto. Portanto, o preconceito é um erro duplo: pela intolerância implícita e pelo fato de carregar, em sua origem, a própria ignorância ou desconhecimento perante algo.
O preconceito, qualquer que seja ele, decorre de um suposto “afastamento” de algo que é considerado “normal”; algo que foge do discurso dominante ou que é desviante em relação a um padrão visto como normalidade. Ou seja, tudo aquilo que foge à cultura hegemônica patriarcal, branca, heterossexual e cristã é visto como desvio – é aí que se encontra o preconceito.
A diversidade, por sua vez, caracteriza-se pelo compartilhamento de determinados grupos humanos quanto à sua descendência (caso dos afrodescendentes), códigos socioculturais (incluindo-se aqui os religiosos), acessibilidade (caso dos deficientes), gênero e opção sexual. Embora a diversidade pareça estar ligada às minorias de uma sociedade – já que escapa àquilo que é hegemônico –, ela corresponde muitas vezes a uma grande parcela da população, como é o caso dos afrodescendentes, que compõem cerca de 50% dos brasileiros.
Algumas estatísticas relativas à diversidade mostram o quanto a sociedade ainda precisa aprender sobre tolerância. Por exemplo, em 1990, a Organização Mundial de Saúde (OMS) determinou que a homossexualidade não é doença, perversão ou distúrbio e, no entanto, ainda assim, a cada três dias uma pessoa é assassinada no Brasil apenas por preferir relacionar-se com alguém do mesmo sexo.
Outro exemplo estatístico: no Brasil, as mulheres são maioria nas salas de aula, tanto como professoras como quanto alunas. Mesmo assim, em um ranking de 128 países sobre a desigualdade entre homens e mulheres, o Brasil encontra-se em 74º lugar, contradizendo o artigo 5º da Constituição, que afirma que homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações.
Além disso, a taxa de alfabetização entre pessoas portadoras de deficiências – cerca de 24 milhões de pessoas no Brasil – chega a ser 15% menor do que a parcela das pessoas sem deficiência, demonstrando também que ainda temos muito a aprender sobre inclusão e acessibilidade.
O mesmo vale para o preconceito sociocultural, incluindo-se aí os religiosos. O fato de um determinado grupo ser mais ou menos pobre, ou praticante desta ou daquela religião, não significa que ele não tenha cultura, história, tradições e sentimentos. Muito pelo contrário: esses grupos compartilham tradições, rituais e histórias tanto quanto qualquer outro.
Portanto, o preconceito não apenas é um erro porque prejulga os indivíduos sem conhecê-los; ele também é injusto, já que todos, sem distinção de qualquer natureza, têm direitos e deveres estabelecidos constitucionalmente.
Aceitar a diversidade não apenas é um ato benéfico para todos; é condição para se construir uma sociedade mais justa, harmoniosa e preparada para o futuro. Suponha que pessoas de um determinado grupo entrem em contato com outro grupo constituído de pessoas desprovidas de preconceitos. Há uma grande chance de que todos tenham experiências enriquecedoras com isso, pois seus códigos socioculturais ampliam-se e seu universo alcança uma nova dimensão.
Para as organizações, praticar a inclusão e a tolerância incorpora cidadãos, amplia possibilidades de estabelecer novos negócios e agrega talentos ao introduzir novas formas de trabalho corporativo.