Respostas
RESUMO;
Este estudo avaliou 103 atletas, 69 (67,0%) homens e 34 (33,0%) mulheres, amadores e profissionais praticantes de atletismo no Estado de São Paulo no ano de 1998. Foram estudados a presença e o comportamento da dor e das lesões músculo-esqueléticas decorrentes do treinamento ou da competição em relação ao sexo, ida-de, raça e modalidade praticada. A presença da dor foi relatada por 79 (76,7%) atletas, sendo 54 (68,4%) ho-mens e 25 (31,6%) mulheres. Dos atletas avaliados, 78 (75,7%) relataram lesões, sendo 54 (69,2%) homens e 24 (30,8%) mulheres. A maioria das lesões (82,2%) acometeu os membros inferiores. As localizações mais comuns de lesão foram: a coxa (39,8%), joelho (22,1%), tornozelo (11,5%), perna (8,8%), região lombar (7,1%), ombro (6,2%) e outros (4,5%). As provas de velocidade e barreiras foram responsáveis por 43,3% das lesões, seguidas por 30,8% nas provas de salto, 13,3% nas pro-vas de arremesso e lançamento, 7,5% nas provas de meio-fundo e 5,0% fundo. Os padrões de lesão variaram em função da modalidade praticada. Os resultados deste estudo evidenciam que os praticantes do atletismo apresentam um risco elevado de lesões músculoesqueléticas.
INTRODUÇÃO
A participação de atletas em esportes competitivos nos mais variados níveis tem ganho um número cada vez maior de adeptos em todas as faixas etárias. Este fato tem sido relacionado ao aumento do número e dos tipos de lesões músculo-esqueléticas encontradas.
O atletismo abrange uma ampla variedade de eventos de características biomecânicas diversas, o que propicia o surgimento de lesões comuns e algumas vezes específicas a cada modalidade. Muitos estudos revelam que entre 17 e 65% dos atletas praticantes de atletismo apresentaram lesões músculo-esquelética durante a prática do atletismo(1-3).
O presente estudo objetiva avaliar a freqüência relativa da dor na prática desse esporte, assim como descrever as características, distribuição, localização, gravidade e comportamento das lesões músculo-esqueléticas relatadas pelos atletas durante o treinamento do atletismo.
MATERIAL E MÉTODO
Foram avaliados 103 atletas competidores de atletismo, com idade média de 23 ± 5 anos (22 a 38 anos), sendo 34 (33,0%) do sexo feminino e 69 (67,0%) do masculino (gráfico 1), sendo 38 brancos (36,9%) e 65 não brancos (63,1%). O tempo médio de treinamento do atletismo foi de 7 ± 5 anos (11 a 22 anos).
As características individuais dos atletas estão descritas na tabela 1.
A distribuição dos atletas por modalidade, como mostra a tabela 2, indica que as provas de velocidade e barreiras foram os eventos mais representativos.
Os atletas foram entrevistados pelos pesquisadores através de questionário preestabelecido, abrangendo informações sobre o primeiro esporte praticado (gráfico 2), as características do treinamento do atletismo, elaboração (tabela 3), acompanhamento do treinador (tabela 4), freqüência, acompanhamento nutricional e médico (tabela 5).
As lesões músculo-esqueléticas foram definidas como resultantes do treinamento ou competição dentro das modalidades do atletismo, e suficientes para provocar alterações no treinamento, tais como freqüência, forma, intensidade e duração por período igual ou superior a uma semana. Esta definição foi baseada naquela usada por Lysholm e Wiklander (1987)(3) e Bennell e Crossley (1996)(1). Informações adicionais foram incluídas a respeito das características específicas das lesões, como mecanismo de lesão, seja durante o treinamento ou competição, localização anatômica, métodos de tratamento, tempo de afastamento do treinamento e presença da dor associada ou não à lesão.