Pais ausentes
Elefantes jovens que cresceram longe da família matam rinocerontes na África
Flávia Varella
A delinquência juvenil assumiu proporções gigantescas na África do Sul - seus rebeldes sem causa podem pesar mais de 5 toneladas e ter cerca de 3 metros de altura. Não, não se está falando de uma nova tribo de adolescentes humanos supervitaminados, mas de elefantes. De uns tempos para cá, grupos de jovens proboscídeos passaram a atacar rinocerontes brancos em vários parques nacionais. O método obedece a um padrão, por assim dizer, serial: depois de derrubar o cascudo de chifre no nariz, os elefantes ajoelham-se sobre a vítima e enterram as presas em seu corpo. O resultado é um banho de sangue nas savanas. Em sua sanha criminosa, os delinqüentes pesos pesados já mataram um homem que estava em seu caminho.
Por que esses jovens andam tão revoltados? A resposta mais provável poderia figurar num manual de psicologia: porque vêm de lares desfeitos e cresceram sem a orientação e o controle de adultos experientes. Os bandos que arrepiam as savanas são formados por animais retirados quando filhotes do maior parque da África do Sul, o Kruger. Seus pais foram mortos para evitar o desequilíbrio ecológico representado pelo excesso de elefantes e, em seguida, os órfãos viram-se transferidos para restabelecer a população de outras reservas. Como os elefantes vivem em bandos muito unidos nos quais os mais velhos ocupam o papel de educadores e existe hierarquia bem definida, a operação acabou provocando danos psicológicos - talvez irreparáveis - nos adolescentes rebeldes. "Ninguém os ensinou a ser bons cidadãos", disse a VEJA, mantendo a analogia com os humanos, David Barrit, do Fundo Internacional para o Bem-Estar dos Animais, Ifaw. "Agora são delinqüentes juvenis e não sabemos como contê-los."
Falta de limites
A rebeldia parece se agravar entre os machos durante o período da vida em que há explosão do hormônio testosterona. Os elefantes, em geral, ficam mais agressivos nessa fase. Normalmente, porém, os machos mais velhos conseguem colocar os jovens na linha, contendo seus ímpetos assassinos. Não bastasse a falta de limites, os órfãos sul-africanos estão tendo de encarar esse difícil momento mais cedo. Em Pilanesberg, um dos parques em que rinocerontes são trucidados, alguns elefantes entraram nesse período com dez anos de antecedência em relação ao habitual. Além disso, eles sofrem as conseqüências do gatilho hormonal durante até três meses, quando o comum é apenas alguns dias. "Tudo parece ter a ver com a desorganização social por que passaram", disse à revista americana Time a zoóloga Marian Garai.
Desde 1978, cerca de 1.500 filhotes foram retirados do Kruger e mandados a outros parques. "Já imaginávamos que a separação dos adultos pudesse ser traumática, mas não sabíamos quanto", avalia o veterinário Douw Dropler, do parque Kruger. Na época, não foram removidas famílias inteiras porque não havia equipamento capaz de transportar os adultos. Isso só começou a acontecer em 1993. Para tentar compensar o erro inicial, as autoridades estão enviando fêmeas adultas aos locais onde as gangues atuam, especialmente os parques Pilanesberg e Hluhluwe-Umfolozi. Imaginam que as elefantas possam pôr ordem no pedaço, já que as fêmeas têm grande poder disciplinador e costumam desempenhar função organizativa no interior das manadas. Os rinocerontes aguardam ansiosamente a chegada dessas titias.
3. O texto acima pode ser considerado como: *
a) um texto instrucional
b) um texto informativo’
c) um texto argumentativo
d) um texto narrativo
4. O texto pode ser considerado: *
a) literário, pois apresenta uma linguagem impessoal, objetiva, informativa.
b) não literário, pois apresenta uma linguagem pessoal, carregada pelas emoções do autor.
c) literário, pois apresenta uma linguagem subjetiva, contaminada pelas emoções do autor.
d) não literário, pois apresenta objetividade, dando ênfase à informação.
Respostas
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Olá!
3) b) um texto informativo.
4) d) não literário, pois apresenta objetividade, dando ênfase à informação.
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