Baiano que desenvolve vacina passou infância vendendo frutas e geladinho Vê esse homem com cara de professor e cientista? Pois bem. Ele, de fato, é professor e cientista dos bons. Agora, consegue imaginá-lo na infância? É difícil conceber, mas, aos oito anos, Gustavo Cabral trabalhava em uma feira. Vendia manga, coco e geladinho na cidade de Tucano, no nordeste da Bahia, onde nasceu. De olho nas pessoas que conseguiram crescer na vida, Gustavo chegou à conclusão que a maioria delas havia se dedicado aos estudos. CORREIO: Como era sua vida em Tucano e o que você se lembra do trabalho na feira desde os 8 anos de idade? Gustavo Cabral: Sempre fomos muito humildes. Meu pai era agente de saúde e minha mãe ajudante geral em uma escola. Eu passava boa parte do dia na feira para ajudar a família. Vendia manga e coco. Depois ficava até mais tarde vendendo geladinho. Aos 15 anos eu fui trabalhar em um açougue em Euclides da Cunha. Cheguei a ter duas bancas de carne, uma em Euclides e outra em Monte Santo. Eu estudava em escola pública, mas não conseguia estudar direito por causa do trabalho. Vendi as duas bancas e me matriculei em uma escola particular com um ensino melhor. O que fez um adolescente que trabalhava desde criança ter a iniciativa de investir tudo nos estudos? Inicialmente, eu só queria ter uma vida melhor. Para ser bem sincero, eu pensava em mim. Daí eu imaginei: ‘vou parar com isso daqui porque eu quero ter uma vida melhor’. Eu não quero viver só para trabalhar e me preocupar se vou conseguir comprar minha comida. Foi aí que eu vi que a maioria das pessoas que estudavam tinha uma condição de vida boa. Em que pé está a pesquisa e porque demora tanto para ter uma vacina? Estamos na fase experimental, as coisas estão caminhando bem. Você imagina como é que a gente vai aplicar alguma coisa no ser humano sem ter passado por todos os testes? É muito arriscado por duas questões: efeito colateral e simplesmente o fato de não funcionar. Imagina você expor a população a um sentimento de esperança, vacinar todo mundo e simplesmente não funcionar. Se tem uma coisa que a ciência nos ensina é ser humildes. Ciência segue rigores. Mas teremos uma vacina produzida pelo Brasil? Para essa pandemia é muito difícil termos uma vacina, seja lá onde ela for produzida. A nossa melhor vacina hoje é o isolamento, a participação de todos, a informação, a solidariedade e o apreço à vida humana. A ideia é que nos próximos dois anos a vacina esteja pronta para ser usada na população. Outros países também estão desenvolvendo fórmulas, mas é importante que o Brasil tenha seus próprios produtos. Então o senhor é a favor do isolamento social? Sem dúvida. Uma doença que em três meses atinge mais de um milhão de pessoas e mata mais de 60 mil é algo muito grave. O isolamento é a única forma de se proteger. O vírus te surpreendeu? Lá no início você esperava que ele se espalhasse dessa forma? Foi uma surpresa muito ruim. A princípio achei que seria controlado. Com o conhecimento tecnológico que a gente tem hoje em dia não dava para esperar que se tornasse uma pandemia. Mas o vírus tem uma particularidade: transmite muito facilmente. Como se desenvolve uma vacina? A primeira coisa é formar um corpo de intelectuais capacitados. Depois a gente vai para o laboratório e trabalha com a célula. Só depois de muitos testes a gente vai utilizar, por exemplo, de modelos animais. E mesmo que dê certo em animais não é garantia de nada. Nesse caminho você pode ter que reformular sua teoria inicial diversas vezes. Até que você tem uma vacina capaz de proteger contra o vírus. Mas ainda não é o fim. A partir daí você vai fazer experimentos para saber se a vacina é tóxica para o ser humano. Não basta proteger contra o vírus. Não pode ser tóxica ou causar ainda mais problemas. Você disse que a ciência nos ensina a ser humildes. O que esse vírus já nos ensinou e pode nos ensinar? Olha, a ciência vinha sendo muito desrespeitada. Espero que esse momento sirva de lição. A ciência precisa de suporte. Se nossos governantes não respeitam os cientistas, quem sofre é a sociedade. Se a gente quer uma sociedade estável e segura, a gente precisa dessas pessoas. Se a gente quer ter uma saúde boa para todos, a gente precisa da ciência. Produzimos conhecimento. Conhecimento é muito caro. Vamos continuar importando esse conhecimento ou vamos desenvolver aqui? Vai
ser tudo com a tecnologia dos outros? O senhor também acredita em uma transformação das pessoas após a pandemia? Uma coisa está atrelada a outra. Respeitar a ciência é, antes de tudo, respeitar o ser humano. Nós vamos ter muitas perdas, mas vamos passar por essa fase e espero que a gente melhore muito enquanto pessoas. Ciência é vida real, é sociedade. Acredito que uma nova sociedade vem por aí e essa fase de transição vai ser difícil, mas acho que vá valer a pena. A sociedade e a ciência têm muito a ganhar com um mundo em que todos são respeitados.
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Ele, de fato, é professor e cientista dos bons. Agora, consegue imaginá-lo na infância? É difícil conceber, mas, aos oito anos, Gustavo Cabral trabalhava em uma feira. Vendia manga, coco e geladinho na cidade de Tucano, no nordeste da Bahia, onde nasceu.
Explicação:confia o google falou isso
lucas677588:
do nada um "Confia"
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2
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quem é o entrevistador nesse texto?
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