Marque a alternativa correta em relação ao contexto associado à Conjuração Mineira:
A) Ocorreu em Minas Gerais no contexto de abolição da escravatura no Brasil
B) Ocorreu em Minas Gerais no contexto de industrialização do sudeste brasileiro
C) Ocorreu em Minas Gerais no contexto de crise da atividade mineradora
D) Ocorreu em Minas Gerais no contexto da política do café com leite
Respostas
Resposta:resposta (c)
Explicação:confia
Explicação: espero ajudar :)
1_ Introdução
Pode-se dizer que o volume de pesquisas históricas sobre o escravismo no Brasil, dos últimos 20 anos, produziu nas hipóteses de Celso Furtado sobre a economia escravista um abalo comparável ao que havia sido provocado no modelo clássico de industrialização, anos antes, pelas abundantes evidências empíricas referentes à indústria brasileira no pré-1930 (ver a respeito Suzigan, 2001; Dean, 1971; Villela, 2000). Admite-se hoje que as bases empíricas dos modelos de economia escravista de Formação Econômica do Brasil são incompletas, inconsistentes mesmo.
A constatação aplica-se com vigor ainda maior à abordagem da economia da mineração do século XVIII e, particularmente, às especulações de Furtado a respeito do destino do escravismo em Minas Gerais nos momentos subseqüentes à decadência das minas. De fato, a opinião de que a economia mineira do século XIX entrou em marasmo é desmentida pelo vigor das atividades agrícolas e, mais ainda, pelas evidências de que o contingente de escravos não decresceu ao longo do século. Ao contrário, Minas Gerais manteve-se como pólo de atração de escravos até a abolição (ver a respeito Martins Filho e Martins, 1983; Martins, 1982; Paiva, 1996; Libby, 1988).
É razoável admitir que, dos três grandes ciclos primário-exportadores analisados em Formação Econômica do Brasil – cana-de-açúcar, mineração, café –, o da mineração recebe a menos satisfatória das abordagens da decadência. O contraste na abordagem dos três ciclos é expressivo. Afinal, o término do ciclo do café coincidiu com a expansão da indústria, e as teses de Furtado sobre a transição da etapa primário-exportadora para o desenvolvimento baseado no mercado interno foram muito inovadoras. Do mesmo modo, o sofisticado retrato que Furtado traça da economia colonial açucareira foi baseado em um conhecimento razoável da cultura de cana-de-açúcar.1 Das minas, Furtado conhecia muito pouco; e menos ainda do que sucedeu à região mineira no século XIX. Suas conclusões, desse modo, estão pouco referidas ao quadro histórico real. Pode-se dizer que se sustentam, em grau bem maior do que no restante do livro, em racionalizações construídas com base em um modelo geral de história econômica brasileira.
O objetivo do presente trabalho é justamente trazer à tona os princípios de análise econômica subjacentes ao modelo geral de história econômica de Furtado, em suas aplicações imediatas à economia das minas. Cabe antecipar que o artigo não tem qualquer compromisso com a revisão histórica ou historiográfica. Procura, exclusivamente, efetuar uma digressão em história do pensamento econômico, alimentada pelo entendimento de que o modelo de economia da mineração proporciona um bom ângulo de abordagem à "teoria econômica" de Celso Furtado. Vale dizer que as interpretações do autor sobre a economia de Minas Gerais, em particular, e sobre a mineração, de modo geral, contribuem para o esclarecimento das bases teóricas de seu sistema de reconstrução racional da história – o núcleo da obra de Furtado. Por outro lado, e no sentido inverso, acreditamos que a "teoria econômica" de Furtado permite entendermos o porquê de suas conclusões, assim como as lacunas de suas hipóteses (e conclusões) a respeito da economia das minas e de Minas.
2_ A economia do ouro do século XVIII
Na terceira parte de Formação Econômica do Brasil, em três breves capítulos, Celso Furtado trata da economia escravista mineira do século XVIII. A análise articula-se em torno do esquema do fluxo de renda da economia mineradora, do qual, a rigor, obtém-se melhor compreensão mediante o contraste com os fluxos de renda da economia açucareira do Nordeste, nos séculos XVI e XVII, e do café do Sudeste, nos séculos XIX e XX. Entre os três grandes ciclos da economia brasileira impulsionados pela demanda externa – açúcar, mineração, café –, o da mineração apresenta posição ímpar, no sentido de estar mais bem definido pelas diferenças em relação aos outros dois.