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Resposta:nordestinos em sua constante luta pela sobrevivência. No primeiro capítulo (“Mudança”) vemos o pai (“Fabiano”), a mãe (“Sinhá Vitória”), os dois filhos (“menino mais velho” e “menino mais novo”) junto com a cachorrinha da família (“baleia”) e um papagaio (que será morto para servir de alimento) fugindo de uma seca que assola a região.
Eles andam em direção ao sul, sem um destino certo, movidos pela esperança de chegar a um lugar onde encontrem água e comida para sobreviver. Eles acabam chegando a uma fazenda abandonada onde encontram um pouco de água e algumas raízes para comer. Como há sinais de que choverá nos próximos dias, decidem ficar e esperar o dono da fazenda retornar com o gado. Fabiano é vaqueiro e acaba aceitando cuidar do gado do dono da terra.
Segue-se então uma sequência de fatos que vão mostrando ao leitor toda a miséria desta família. Fabiano é humilhado e roubado em seus direitos pelo dono da fazenda, a quem chama de patrão. A família vive em condições animalescas. As crianças brincam na lama com os animais. Não estudam e não têm condições nem mesmo de aprender a linguagem básica, uma vez que os pais quase não falam.
Fabiano tem uma enorme dificuldade de raciocinar e se expressar de maneira lógica e organizada. Comunica-se com gestos e grunhidos, o que o aproxima muito de um bicho, como ele mesmo reconhece. Quando vão para a cidade (capítulo “festa”), sentem-se deslocados e assustados. Fabiano é preso e surrado como um animal por capricho de um “soldado amarelo”
Paralelo ao drama físico-social desta família, acompanhamos o seu drama psicológico. Fabiano vive a angústia de se saber inferior por não conseguir falar com clareza, questionando-se constantemente se é um bicho ou um homem. Sinhá Vitória vive o drama da constante frustração do sonho de ter uma cama de lastro (metáfora para o desejo de ter um lugar definitivo e seu para viver) e os meninos vivem a angústia de não terem como satisfazer a sua curiosidade natural (capítulo “inferno”) ou a falta de perspectiva para o futuro (capítulo “menino mais novo”)
Vale ressaltar aqui a figura do seu “Tomás da bolandeira”. Esta personagem aparece apenas nas lembranças do casal. Era um vizinho da fazenda anterior, onde eles viviam até a seca os expulsar. Seu Tomás era um homem “letrado”. Sabia ler e falava “difícil”. Possuía uma cama de lastro, que despertara o desejo de Sinhá Vitória, e uma bolandeira, espécie de prensa rústica de moer cana.
Seu Tomás também é um homem rústico e pobre do interior. Mesmo assim, serve de referência ao casal, tanto no aspecto cultural quanto social. Fabiano deseja ter a capacidade de “falar” como o seu Tomás da Bolandeira. Sinhá Vitória deseja ter a sua estabilidade financeira (simbolizada na cama de lastro) para largar aquela vida nômade de ter de se mudar a cada período de seca.
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