• Matéria: Português
  • Autor: npyfa38505
  • Perguntado 4 anos atrás

crônica de Lima Barreto​

Respostas

respondido por: bnvs484
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Resposta:Romancista e contista, Lima Barreto foi também um excelente cronista que registrou com impressionante riqueza de detalhes a vida de sua cidade ; São Sebastião do Rio de Janeiro ; no começo do século passado. Quem já leu textos jornalísticos de Afonso Henriques de Lima Barreto (1881-1922) sabe que ele não gostava de futebol, odiava o carnaval e não tinha muita consideração pela inteligência feminina. Quem ler agora a belíssima edição de Lima Barreto ; cronista do Rio (Editora Autêntica, Biblioteca Nacional) vai encontrar tudo isso, mas terá também muitos artigos excepcionais sobre aspectos que não foram registrados por outros escritores que viveram naquela cidade e naquele tempo.

Negro, alcoólatra, funcionário público que ocupava um cargo irrelevante, morador do subúrbio e caminhante compulsivo, Lima Barreto registrou com agudeza e cumplicidade o cotidiano das pessoas desimportantes que moravam nos bairros periféricos. Descreveu suas festas e seus bailes, suas feiras e mafuás, seus enterros. Mostrou a movimentação dessa gente na segunda classe de trens apinhados. Em suma, descreveu a batalha diária dos pobres pelo pão.

Aliás, nada muito diferente do que é hoje. ;No corredor central, entre duas fileiras de bancos de madeira, muita gente de pé. As plataformas eram compactas muralhas de corpos humanos. O dia estava fresco, mas lá dentro era um forno;, registra Lima Barreto em Na segunda classe.

Em A estação, uma das melhores entre as 50 crônicas reunidas, o autor de Triste fim de Policarpo Quaresma demonstra como, ao longo do tempo, alguns bairros do Rio de Janeiro ; Méier e Cascadura, por exemplo ; se formaram em torno de um terminal ferroviário.

O Estrela, reminiscências do menino Afonso a respeito da Revolta da Esquadra, em 1893, e Tenho esperança que..., em que o escritor lista os professores que foram centrais na sua formação intelectual, são outros dois trabalhos excepcionais.

Mau humor

Ao lado da paixão pela paisagem das margens da cidade, que descreve sempre com carinho, o autor não perde oportunidade de mostrar seu mau humor para com tudo aquilo que hoje chamaríamos elitista.

- Quando, meu Deus, ficaremos livres da burguesia? ; pergunta em O jardim botânico e suas palmeiras.

Crítico ferrenho das obras de modernização da cidade ; abertura de grandes avenidas após a destruição do labirinto de ruelas do Rio antigo ;, denuncia que ;esse furor demolidor vem dos forasteiros, dos adventícios, que querem um Rio-Paris barato ou mesmo Buenos Aires de tostão;.

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