• Matéria: História
  • Autor: as6006447
  • Perguntado 4 anos atrás

nas reformas urbanas nos primeiros anos da República o que não aconteceu?​

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respondido por: lixohumano764
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Após trabalhar com o 8º ano a transição do Império para a República, o professor Júlio Cesar Costa, do Colégio Loyola, em Belo Horizonte, tinha como conteúdo previsto na sequência a reforma urbana do Rio de Janeiro. O processo, que reconstruiu a então capital federal, expulsou moradores do centro para os morros e culminou na Revolta da Vacina, em 1904. O movimento ocorreu porque o povo, insatisfeito, se recusava a ser imunizado contra a varíola.

Para introduzir o tema, Costa propôs a análise de imagens do município antes e depois da reforma e perguntou se os jovens reconheciam aquele lugar. "Elas podem ser de qualquer cidade litorânea do país", responderam. Diante disso, o professor apresentou fotos mais atuais e pediu que observassem alguns detalhes, como o traçado das ruas e a arquitetura das casas, dos palacetes e dos cortiços. Nesse momento, todos logo identificaram de qual local se tratava. "Depois, levantamos hipóteses sobre como se deu o processo de transformação", explica Costa. Nessa conversa, os alunos falaram que o objetivo da reforma era modernizar e embelezar a cidade, mas não sabiam dar detalhes. O professor confirmou que o objetivo do governo da época era deixar a orla mais bonita e questionou: "Para onde foram os moradores dos cortiços e casarões da foto antiga?" Muitos citaram os morros e as favelas.

O passo seguinte foi buscar informações que explicassem os desdobramentos da reforma. Para isso, foram lidos e discutidos coletivamente em sala trechos dos livros Bestializados (José Murilo de Carvalho, Ed. Companhia das Letras, 216 págs., tel. 11/3707-3500, 46,50 reais) e A Revolta da Vacina (Nicolau Sevcenko, 144 págs., Ed. Cosac Naify, tel. 11/3218-1497, 38 reais). Costa pediu, então, que em duplas os estudantes selecionassem os trechos que julgavam mais pertinentes para avaliar a relação entre a reforma urbana e a Revolta da Vacina. Durante as discussões, eles citaram que o povo estava insatisfeito com as mudanças na cidade e porque a vacina tinha sido imposta. "Eles perceberam que ela foi o estopim do movimento."

Ao estudar esse conteúdo, a garotada deve compreender que muitas vezes a ideia de modernidade nos projetos de urbanização do país veio acompanhada de um processo de higienização, que expulsou a população pobre das regiões mais centrais, fomentando o surgimento das periferias e de favelas e a especulação imobiliária, como o Morro da Providência - destino de moradores dos cortiços do centro, que foram demolidos durante o replanejamento do Rio de janeiro.

Há inúmeras formas de aproximar esse assunto da turma. "Esses problemas afetam quase todas as cidades do país e podem ser aproveitados para tratar do conteúdo", comenta José Evangelista Fagundes, do Departamento de História da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Para estabelecer essa relação e explicar que o Brasil atual ainda possui pontos em comum com o do final do século 19, Costa pediu uma pesquisa sobre reportagens que tratassem da desapropriação de casas na região da Pampulha, em Belo Horizonte, onde foi construído um estádio para a Copa do Mundo em 2014.

Procedimentos da História oral ajudam a descobrir a influência da reforma

A reforma urbana carioca também foi o tema das aulas de João Paulo Pereira de Araújo, do distrito de Tebas, em Leopoldina, a 322 quilômetros de Belo Horizonte. Ao relacioná-la ao contexto local, o professor da EE Justiniano Fonseca propôs à turma do 9º ano um estudo sobre casas do distrito remanescentes do início da República. "A ideia surgiu após a diretora sugerir um projeto sobre a deterioração dessas casas. Quando comecei a planejar as aulas sobre os anos iniciais da República, pensei em relacioná-las ao conteúdo", lembra Araújo. O enfoque escolhido por ele mostra que é possível encontrar aspectos ligados à reforma urbana ocorrida no Rio de Janeiro mesmo em municípios pequenos. "É comum haver uma região central, onde ficam o largo da igreja matriz, ruas largas e grandes praças", explica Fagundes.

Durante dois meses, o docente trabalhou o conteúdo com base na leitura de trechos dos mesmos livros utilizados por Costa. No momento seguinte, ele informou que a discussão passaria a ser focada em Tebas. Para iniciar essa nova etapa do trabalho, a garotada leu e discutiu trechos do livro Patrimônio Histórico e Cultural (Sandra de Cássia Araújo e Pedro Paulo Funari, 76 págs., Ed. Zahar, tel. 21/2529-4750, 19,90 reais) em classe.

Com o objetivo de levantar os conhecimentos prévios dos alunos, Araújo pediu um texto informativo sobre a história do distrito. "Ao analisar as produções, percebi que todas traziam praticamente os mesmos dados, somente a história oficial sobre o surgimento do distrito." Ele propôs, então, um trabalho de História oral. Dessa maneira, a turma aprenderia sobre as construções antigas com base no relato dos próprios moradores.

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