• Matéria: Português
  • Autor: kaio34411
  • Perguntado 4 anos atrás

Três heróis: uma crônica sobre Jaguaquara

(Cledineia Carvalho Santos, 2021)*



No dia que Jaguaquara completa cem anos, eis que

misteriosamente aparecem três homens distintos, ao pé da

ladeira da igreja Nossa Senhora Auxiliadora. Eram Chefe Porã,

Mestre Benedito e Senhor Guilhermino. Um encontro inusitado.

Tinham voltado no tempo! Por um bom tempo ficaram por ali,

colocando o papo em dia e olhando a cidade que vai e vem.

- É! E eu que pensei ainda encontrar onças por aqui- Iniciou

Chefe Porã.

- Pois é! As coisas mudaram muito mesmo. Sinto que a feira já

não é mais ali, onde tem àquelas palmeiras e cimento. Parece-me

que o rio também não corre mais por ali. Respondeu indignado

Mestre Benedito.

Tentando achar um meio termo à indignação dos amigos, Senhor

Guilhermino argumentou: - Ah, mas o progresso precisava

chegar! Já pensaram se tivesse onças andando por aí? Como

plantar? Como construir?

- Há, mas e o rio? Como plantar sem água? Questionou Chefe

Porã.

- Pois é amigo! Eu já sabia que isso aconteceria. Muitos dos

meus, e eu tivemos de debaixo de sol e chuva desbravarmos as

matas, fazermos queimadas, do raiar do sol ao cair da noite. E
dizíamos: “Do jeito que vai, nossos filhos e netos nem vão saber o

que é uma onça, um lobo, um piau, um pássaro-preto e nem

rolinha”. E pelo que vejo, esse tempo chegou! Argumentou

Mestre Benedito.

Senhor Guilhermino, não achando proveito na conversa, diz:

- Eh! Talvez vocês tenham até razão. Quando estive por aqui,

cacei, matei as onças, ajudei arrancar os matos da beira do rio.

Eu precisava plantar! Eu precisava vender! Se não fosse assim,

hoje nem cidade aqui seria!

Chefe Porã e Mestre Benedito, ensimesmados, entreolharam-se

como se quisessem dizer ao Senhor Guilhermino o quão

ambicioso ele foi naquele tempo. Chefe Porã argumenta:

- Pois é meu amigo, quando se entende que é da terra que a

gente vive, que é do guiar dos pássaros que se ver o amanhã, que

é dos rios que a vida segue e que são das árvores o alimento de

todo dia, não precisaríamos destruir para plantarmos mais. E

continuou:

- Meu povo viveu por aqui usufruindo de tudo que a mãe

natureza nos dava. Mas hoje nem vejo minha gente caminhando

nesta praça. Acho que estamos apenas nas pinturas dos livros!

Em profundo pesar, Mestre Benedito consolou Chefe Porã:

- Amigo, te digo o mesmo. Vejo até gente minha andando por aí.

Mas o que eles não sabem foi o quanto seus antepassados

trabalharam por aqui. Lembra-se da feira? Trabalhei muito
vendendo fumo, selando os animais, guiando os tropeiros. Tá

vendo ali o aquele prédio em frente a praça de cimento? Minhas

filhas cozinharam muito para a Sinhá! A igreja? Só não tivemos

lugar na frente, mas nossas mãos calejadas estão ali em cada

adobe, em cada pedra.

Senhor Guilhermino, meio desconcertado, mas sem querer

perder o rumo das coisas, se defendeu:

- Aqui eu trabalhei também! Chegamos por aqui, ainda na mata

escura. Trouxemos o progresso. Acolhemos os tropeiros,

fundamos as primeiras escolas, lutamos pela estrada. O tem-de-

ferro também passou por aqui, graças às lutas de homens como

eu.

Entreolharam-se... Silêncio...

Os três decidiram caminhar um pouco. Foram em direção ao

Mercado de Cereais. Tomaram um susto. Chefe Porã, indignado

gritou:

- A terra engoliu o rio!

Mestre Benedito, tentando acalmar o amigo disse:

- Não! O rio tá ali, se você bem olhar de perto vai ver que ele

ainda suspira!

Em concordância, Senhor Guilhermino exclamou:

- Eh, aqui já foi mais bonito! Mas outra coisa logo mudou sua

atenção. Tinha acabado de avistar um grande monumento.
Alegre, se dirigiu a Praça dos Imigrantes e para sua surpresa,

Ops! Tristeza, sua figura não estava ali. Indignado falou:

- Quer dizer que eu cheguei por aqui com minha família,

enfrentei cobras, onças, lamas e escuridão e são estes três

“cabras” que recebem homenagem? Cadê eu?

Os outros dois riram de canto de boca.

Mestre Benedito, porém falou:

- Mas pelo menos tem um ali que parece com você! E eu e o

Chefe Porã que se esqueceu de como
1. Qual o assunto principal do texto?

2. Que tipo de texto é esse? Quais são as características que comprovam a sua resposta?

3. Quais são os personagens principais?

4. Quando acontecem os fatos? Escreva um trecho que comprove o tempo do texto.

5. Onde tudo acontece? Quais locais são citados pela autora?

6. Quais povos ou pessoas são representados por:
a) Senhor Guilhermino
b) Mestre Benedito
c) Chefe Porã

7. A qual monumento de Jaguaquara o narrador e personagens se referem no texto ? Eles reclamam por não estarem lá. Quem está representado nesse monumento?


8. A última fala do Mestre Benedito traz uma grande reflexão. Escreva c suas palavras o que entendeu dessa fala.

9. Por que a história deve perdão para o povo do Chefe Porã na história do centenário de Jaguaquara?

10. Copie do texto a parte que mais gostou e diga porque a escolheu.

Respostas

respondido por: rodo88rodojim
4

Resposta:

9node fijate si no te pudiera a yudar


santostaina12284: alguém bpode me dá a resposta dessa pesquisa
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