Eu estava diante de uma banca de jornais na Avenida, quando a mão do mendigo
se estendeu. Dei-lhe uma nota tão suja e tão amassada quanto ele. Guardou-a
no bolso, agradeceu com um seco obrigado e começou a ler as manchetes dos
vespertinos. Depois me disse: - Não acredito um pingo em jornalistas. São muito
mentirosos. Mas tá certo: mentem para ganhar a vida. O importante é o homem
ganhar a vida, o resto é besteira. Calou-se e continuou a ler as notícias eleitorais:
- O Brasil ainda não teve um governo que prestasse. Nem rei, nem presidente.
Tudo uma cambada só. Reconheceu algumas qualidades nessa ou naquela figura
(aliás, com invulgar pertinência para um mendigo), mas isso, a seu ver, não
queria dizer nada: O problema é o fundo da coisa: o caso é que o homem não
presta. Ora, se o homem não presta, todos os futuros presidentes serão ruinas. A
natureza humana é que é de barro ordinário. Meu pai, por exemplo, foi um
homem bastante bom. Mas não deu certo ser bom durante muito tempo: então
ele virou ruim. Suspeitando de que eu não estivesse convencido da sua teoria,
passou a demonstrar para mim que também ele era um sujeito ordinário como
os outros: - O senhor não vê? Estou aqui pedindo esmola, quando poderia estar
trabalhando. Eu não tenho defeito físico nenhum e até que não posso me queixar
da saúde. Tirei do bolso uma nota de cinquenta e lhe ofereci pela sua franqueza.
- Muito obrigado, moço, mas não vá pensar que eu vou tirar o senhor da minha
teoria. Vai me desculpar, mas o senhor também no fundo é igualzinho aos
outros. Aliás, quer saber de uma coisa? Houve um homem de fato bom.
Chamava-se Jesus Cristo. Mas o senhor viu o que fizeram com ele?
Sobre a crônica assinale a alternativa correta
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Resposta:
Como dis o texto o morador de rua pegou no jornal pela primera vez então ele(a) não sabia como seler um jornal.
Explicação:
Ninguem no mundo nasce sabendo né.
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