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Resposta:
foi por isso aqui
Explicação:
A higienização da região
A interação entre a população e o governo esteve muito pautada de acordo com a alocação e redistribuição das atividades da região, processo que viria a influenciar a produção cinematográfica e sua interação com essas camadas sociais marginalizadas. Para Luzia Margareth Rago, docente no Departamento de História da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a presença de prostituição na região esteve muito pautada pela concepção do poder público a respeito da atividade em si.
A pesquisadora comenta sobre duas políticas criadas na Europa, no início do século 19, para lidar com a prostituição, que fortemente influenciaram a dinâmica na cidade de São Paulo. Trata-se do abolicionismo, originário da Inglaterra, e do regulamentarismo, francês: “São duas políticas muito contraditórias, porque o regulamentarismo supunha que o Estado deveria interferir, definindo locais específicos, horário de funcionamento das casas, circulação das mulheres. Enquanto o abolicionismo pautava-se na ideia de que o Estado não podia interferir, porque estaria agindo como cafetão”.
Margareth remete à origem dessas políticas na influência do Cristianismo no imaginário popular, na definição de valores, desde o século 4, relacionado à concepção do pecado original, base da narrativa cristã a respeito da criação da humanidade: “Os médicos e juristas do século 19 vão seguir preceitos daquela época, em que Santo Agostinho dizia que a prostituição seria um mal necessário e não iria acabar”. Associado à percepção cristã do corpo como pecado, enquanto isso fosse inerente ao ser humano, não haveria forma de acabar com a prática.
O regulamentarismo francês tem origem na expansão das cidades do século 19, com a Revolução Industrial. “Ali iniciam-se pensamentos sobre a higienização da cidade, e a prostituição entra nisso, há um investimento para higienizar os bairros vistos como podres na cidade, moralmente e fisicamente”. Assim, o governo teria que interferir e definir locais para a prostituição, garantindo inspeção e vistoria médica. Já os abolicionistas, na Inglaterra, algumas décadas depois, consideram que o Estado não poderia reconhecer a prostituição ou interferir na vida íntima das pessoas, muito associado à ideologia liberal.