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Viajando nas estrelas
Pegou a estrada no fim de semana para espraiar um pouco a cabeça cheia de problemas. Não tinha endereço certo e seguiu apenas o impulso que recomendava que mudasse de ares, nem que fosse apenas por algumas horas, o suficiente para que relaxasse um pouco das tensões do cotidiano. [...]
O seu carro, por ser muito confortável e rápido, fez que se sentisse importante enquanto o dirigia, proporcionando-lhe uma sensação de potência e liberdade, permitindo que vivesse o puro êxtase existencial que apagasse da sua mente as incongruências da vida nas grandes cidades. [...]
Dirigiu aproximadamente por três horas sem parar, nem mesmo para ir ao banheiro, esquecendo totalmente que depois de algum tempo o organismo exige a observância rigorosa desse importante detalhe fisiológico. Era como se não estivesse mais em seu corpo, apenas vagasse pelos loucos campos da imaginação, [...] enquanto aspirava o cheirinho de mato que lhe invadia as narinas atrevidamente [...].
Por fim, estacionou diante um vale imenso cercado de altas montanhas [...]
Ainda que a noite chegasse com o seu pesado manto e encobrisse essa paisagem com um matiz cinza escuro, mesmo assim não conseguiu tirar a beleza desse recanto, em razão das débeis luzes das estrelas o clarificarem com cores azuladas, como se fossem milhões de pirilampos valsando ao som de fundo proveniente do imenso universo.
Nesse momento indescritível, [...] acabou por relaxar o seu espírito, agora totalmente reconfortado.
O amanhecer o surpreendeu deitado em verdes pastos e cercado de ovelhas em bandos que circulavam à sua volta, como se ele fizesse parte permanente daquele cenário bucólico de terna quietude.
Foi quando se deu conta que mesmo diante das incertezas existentes num mundo conturbado, a sensibilidade humana sempre encontra a reciclagem necessária para que uma alma sequiosa desfrute dos valores que nortearam antigas gerações