• Matéria: Pedagogia
  • Autor: eduardocancio
  • Perguntado 4 anos atrás

Texto Complementar

O EU E OS OUTROS

(...) Numa análise comportamental, um pessoa é um organismo,
um membro da espécie humana que adquiriu um repertório de
comportamento.
(...) Uma pessoa não é um agente que origine; é um lugar, um
ponto em que múltiplas condições genéticas e ambientais se reúnem
num efeito conjunto. Como tal, ela permanece indiscutivelmente única.
Ninguém mais (a menos que tenha um gêmeo idêntico) possui sua
dotação genética e, sem exceção, ninguém mais tem sua história
pessoal. Daí se segue que ninguém mais se comportará precisamente da
mesma maneira.
(...) Uma pessoa controla outra no sentido de que se controla a si
mesma. Ela não o faz modificando sentimentos ou estados mentais.
Dizia-se que os deuses gregos mudavam o comportamento infundindo
em homens e mulheres estados mentais como orgulho, confusão mental
ou coragem, mas, desde então, ninguém mais teve êxito nisso. Uma
pessoa modifica o comportamento de outra mudando o mundo em que
esta vive.
(...) As pessoas aprendem a controlar os outros com muita
facilidade. Um bebê, por exemplo, desenvolve certos métodos de
controlar os pais quando se comporta de maneiras que levam a certos
tipos de ação. As crianças adquirem técnicas de controlar seus
companheiros e se tornam hábeis nisso muito antes de conseguirem
controlar-se a si mesmas. A primeira educação que recebem no sentido
de modificar seus próprios sentimentos ou estados introspectivamente
observados pelo exercício da força de vontade ou pela alteração dos
estados emotivos e motivacionais não é muito eficaz. O autocontrole que
começa a ser ensinado sob a forma de provérbios, máximas e
procedimentos empíricos é uma questão de mudar o ambiente. O
controle de outras pessoas aprendido desde muito cedo vem por fim a

ser usado no autocontrole e, eventualmente, uma tecnologia
comportamental bem desenvolvida conduz a um autocontrole capaz. [pg.
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A QUESTÃO DO CONTROLE

Uma análise científica do comportamento deve, creio eu, supor que
o comportamento de uma pessoa é controlado mais por sua história
genética e ambiental do que pela própria pessoa enquanto agente
criador, iniciador; todavia, nenhum outro aspecto da posição behaviorista
suscitou objeções mais violentas. Não podemos evidentemente provar
que o comportamento humano como um todo seja inteiramente
determinado, mas a proposição torna-se mais plausível à medida que os
fatos se acumulam e creio que chegamos a um ponto em que suas
implicações devem ser consideradas a sério.
Subestimamos amiúde o fato de que o comportamento humano é
também uma forma de controle. Que um organismo deva agir para
controlar o mundo a seu redor é uma característica da vida, tanto quanto
a respiração ou a reprodução. Uma pessoa age sobre o meio e aquilo
que obtém é essencial para a sua sobrevivência e para a sobrevivência
da espécie. A Ciência e a Tecnologia são simplesmente manifestações
desse traço essencial do comportamento humano. A compreensão, a
previsão e a explicação, bem como as aplicações tecnológicas,
exemplificam o controle da natureza. Elas não expressam uma “atitude
de dominação” ou “uma filosofia de controle”. São os resultados
inevitáveis de certos processos de comportamento.
Sem dúvida cometemos erros. Descobrimos, talvez rápido demais,
meios cada vez mais eficazes de controlar nosso mundo, e nem sempre
os usamos sensatamente, mas não podemos deixar de controlar a
natureza, assim como não podemos deixar de respirar ou de digerir o
que comemos. O controle não é uma fase passageira. Nenhum místico
ou asceta deixou jamais de controlar o mundo em seu redor; controla-o
para controlar-se a si mesmo. Não podemos escolher um gênero de vida

no qual não haja controle. Podemos tão-só mudar as condições
controladoras.

Contracontrole
Órgãos ou instituições organizados, tais como governos, religiões e
sistemas econômicos e, em grau menor, educadores e psicoterapeutas,
exercem um controle poderoso e muitas vezes molesto. Tal controle é
exercido de maneiras que reforçam de forma muito eficaz aqueles que o
exercem e, infelizmente, isto via de regra significa maneiras que são ou
imediatamente adversativas para aqueles que sejam controlados ou os
exploram a longo prazo.
Os que são assim controlados passam a agir. Escapam ao
controlador — pondo-se fora de seu alcance, se for uma pessoa;
desertando de um governo; apostasiando de uma religião; demitindo-se
ou mandriando — ou então atacam a fim de enfraquecer ou destruir o
poder controlador, como numa revolução, numa reforma, numa greve ou
num protesto estudantil. Em outras palavras, eles se opõem ao controle
com contracontrole.

B. F. Skinner. Sobre o Behaviorismo.
Trad. Maria da Penha Villalobos. São Paulo,
Cultrix/Editora da Universidade de São Paulo, 1982. p. 145-164.

1 Como a análise comportamental vê o homem, a pessoa
2 Pela proposta da análise comportamental, o que é preciso fazer para se conhecer e para conhecer os outros?
3 Como se dá a questão do controle e do contra controle dos comportamentos?

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respondido por: karinehellen01
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