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Resposta:
Antes da tarde, tinha a manhã. Acordar cedo, apesar de domingo. Obrigação de ir à missa. O tédio certeiro na fala sincopada e sem sentido do padre. Contar os nichos dos santos, os quadrados do teto. Reparar nas carolas, no som desafinado do canto da “missa dos jovens”.
Contar os minutos para aquilo acabar. “Ide em paz e que o Senhor vos acompanhe!”. Finalmente chegar em casa e encontrar o banquete de domingo: vários tipos de massas e molhos, salada, carne, legumes, sobremesa. Tudo feito em casa, tudo delícias, saboreadas ao som inequívoco, irritante, de Silvio Santos.
Ele e seu baú. Ele e suas piadas sem graça. Ele e sua risada que me enchia de tédio e agonia.
A TV ficava na sala. Meu avô decidia o que a família ia assistir. E eu era obrigada a engolir aquelas doses cavalares de melancolia.