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Natal na barca” é narrado por uma mulher. Decerto uma mulher elegante, como Lygia. A narradora fuma (o conto é de 1958) e carrega uma pasta (de advogada?). No posfácio de Os contos , a crítica literária Walnice Nogueira Galvão afirma que “ler Lygia Fagundes Telles sem visualizar uma mulher é difícil” e arrisca até uma descrição dessa narradora de “Natal na barca”: "Uma persona discreta, reticente e reservada, semelhante àquela se escreve. Com o corte pajem, adequado a seu cabelo liso, sem enfeites nem artifícios, blazers de linha clássica, camisas claras, saias de cor cinza. Essa é a narradora que visualizamos ao ler sua ficção". No conto, a narradora elegante faz uma viagem de barca, na noite de Natal, na companhia de um bêbado e de uma professora pobre com um filho doente nos braços (uma imagem da Virgem Maria com seu bebê divino?). A narradora não quer falar com ninguém, não quer envolver-se nos "tais laços humanos", mas acaba conversando com a jovem mãe, que precisa levar seu filho ao médico. A mãe conta que, um ano antes, perdera seu filho mais velho, de 4 anos, e fora abandonada pelo marido, mas matinha a fé: "Deus nunca me abandonou". A fé da mãe pobre desconcerta a narradora requintada, que talvez depositasse sua confiança na solidez de pastas elegantes e cigarros. Ao se aproximar para ver o bebê, ela o percebe imóvel e é tomada pela certeza desesperadora de que estava morto e a mãe percebera. Será que sua fé simples a salvaria agora? O conto termina meio ambíguo. Outra vez, o leitor (e a narradora) sabe direito o que aconteceu. Um milagre de Natal, talvez?
Explicação:
espero ter audado desculpe por ter ficado grande!^^