• Matéria: ENEM
  • Autor: rhaissasbjs
  • Perguntado 4 anos atrás

Ela parecia pedir socorro contra o que de algum modo involuntariamente dissera. E ele com os olhos miúdos quis que ela não fugisse e falou:
— Repita o que você disse, Lóri.
— Não sei mais.
— Mas eu sei, eu vou saber sempre. Você literalmente disse: um dia será o mundo com sua impersonalidade soberba versus a minha extrema individualidade de pessoa, mas seremos um só.
— Sim.
Lóri estava suavemente espantada. Então isso era a felicidade. De início se sentiu vazia. Depois seus olhos ficaram úmidos: era felicidade, mas como sou mortal, como o amor pelo mundo me transcende. O amor pela vida mortal a assassinava docemente, aos poucos. E o que é que eu faço? Que faço da felicidade? Que faço dessa paz estranha e aguda, que já está começando a me doer como uma angústia, como um grande silêncio de espaços? A quem dou minha felicidade, que já está começando a me rasgar um pouco e me assusta? Não, não quero ser feliz. Prefiro a mediocridade. Ah, milhares de pessoas não têm coragem de pelo menos prolongar-se um pouco mais nessa coisa desconhecida que é sentir-se feliz e preferem a mediocridade. Ela se despediu de Ulisses quase correndo: ele era o perigo.
LISPECTOR, C. Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1990.

A obra de Clarice Lispector alcança forte expressividade em razão de determinadas soluções narrativas. No fragmento, o processo que leva a essa expressividade fundamenta-se no registro do processo de autoconhecimento da personagem. Tal processo está associado ao foco narrativo

A
em primeira pessoa, com narrador protagonista.
B
em primeira pessoa com narrador testemunha.
C
em terceira pessoa, com narrador observador.
D
em terceira pessoa, com narrador onisciente total.
E
em terceira pessoa, com narrador onisciente seletivo.

Respostas

respondido por: leticiaferrari768
10

Resposta:

E. Em terceira pessoa, narrador onisciente seletivo.

Explicação:

O narrador onisciente intruso recebe esse nome, pois ao mesmo tempo que narra, também fazer críticas aos personagens e insere juízos de valor de alguma ação. Assim sendo livre para julgar e se posicionar sobre os fatos da trama.


rhaissasbjs: oi, pode me ajudar com mais algumas?
leticiaferrari768: Posso sim!
respondido por: heloisagoncalves745
1

Tipo de narrativa na obra de Clarice Lispector; Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres

A forte expressividade alcançada na obra de Clarice Lispector é proveniente da narrativa em terceira pessoa, com narrador onisciente seletivo. Alternativa E.

Na obra em estudo é evidente o modo como o narrador conduz a história, ao interferir claramente contando sobre expressões faciais e pensamentos dos personagens, algo que se entrelaça com a descrição convencional de suas falas, denotando que ele enfoca detalhes a partir de uma escolha pessoal.

Este tipo de narrador é determinante para criar opiniões nos leitores contra ou a favor os personagens e situações demonstradas, pois ele não é parcial ao deixar a narrativa sob seus parâmetros pessoais.

As demais alternativas são então descartadas, pois uma narração em primeira pessoa seria escrita da seguinte forma:

  • Ela parecia pedir socorro;
  • Eu pedia socorro.

E caso o narrador fosse observador, não interferiria de modo que se percebesse tão claramente, e também um narrador onisciente total discorreria sobre os fatos, falaria sobre tudo, mas resguardaria maiores inferências.

Mais sobre tipos de narrador: https://brainly.com.br/tarefa/13319654

Anexos:
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