QUESTÃO 16
O GATO PRETO
Não espero nem solicito o crédito do leitor para a tão extraordinaria e no entanto tão
familiar história que vou contar. Louco seria esperá-lo, num caso cuja evidência até os
meus próprios sentidos se recusam a aceitar. No entanto não estou louco, e com toda
a certeza que não estou a sonhar. Mas porque posso morrer amanhã, quero aliviar
hoje o meu espírito. O meu fim imediato é mostrar ao mundo, simples, sucintamente
e sem comentários, uma série de meros acontecimentos domésticos. Nas suas conse-
quências, estes acontecimentos aterrorizaram-me, torturaram-me, destruíram-me. No
entanto, não procurarei esclarecê-los. O sentimento que em mim despertaram foi quase
exclusivamente o de terror; a muitos outros parecerão menos terríveis do que extrava-
gantes. Mais tarde, será possível que se encontre uma inteligência qualquer que reduza
a minha fantasia a uma banalidade. Qualquer inteligência mais serena, mais lógica e
muito menos excitável do que a minha encontrará tão somente nas circunstâncias que
relato com terror uma sequência bastante normal de causas e efeitos.
Já na minha infância era notado pela docilidade e humanidade do meu carácter. Tão nobre
era a ternura do meu coração, que eu acabava por tornar-me num joguete dos meus
companheiros. Tinha uma especial afeição pelos animais e os meus pais permitiam-me
possuir uma grande variedade deles. Com eles passava a maior parte do meu tempo
e nunca me sentia tão feliz como quando lhes dava de comer e os acariciava. Esta
faceta do meu carácter acentuou-se com os anos, e, quando homem, aí achava uma
das minhas principais fontes de prazer. Quanto àqueles que já tiveram uma afeição por
um cão fiel e sagaz, escusado será preocupar-me com explicar-lhes a natureza ou a
intensidade da compensação que daí se pode tirar. No amor desinteressado de um ani-
mal, no sacrifício de si mesmo, alguma coisa há que vai direito ao coração de quem tão
frequentemente pôde comprovar a amizade mesquinha e a frágil fidelidade do homem.
https://www.ufrgs.br/soft-livre-edu/vaniacarraro/files/2013/04/o_gato preto-allan_poe.pdf. Acesso em: 9 jul. 2019,
A partir da leitura do trecho do conto “O gato preto", é possível perceber que o narrador
A) está em terceira pessoa.
B) não existe.
C) é o gato preto.
D) está em primeira pessoa.
Respostas
respondido por:
7
Resposta:
Letra A
A) está em terceira pessoa.
B) não existe.
C) é o gato preto.
D) está em primeira pessoa.
Espero ter ajudado :)
gabylopesbarros57:
Tem certeza?
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