Poemas:
Sou Negro, de Solano Trindade
Sou negro
meus avós foram queimados
pelo sol da África
minh`alma recebeu o batismo dos tambores
atabaques, gongôs e agogôs
Contaram-me que meus avós
vieram de Loanda
como mercadoria de baixo preço
plantaram cana pro senhor de engenho novo
e fundaram o primeiro Maracatu
Depois meu avô brigou como um danado
nas terras de Zumbi
Era valente como quê
Na capoeira ou na faca
escreveu não leu
o pau comeu
Não foi um pai João
humilde e manso
Mesmo vovó
não foi de brincadeira
Na guerra dos Malês
ela se destacou
Na minh`alma ficou
o samba
o batuque
o bamboleio
e o desejo de libertação
Fonte: toda matéria
Encontrei minhas origens, de Oliveira Silveira
Encontrei minhas origens
em velhos arquivos
livros
encontrei
em malditos objetos
troncos e grilhetas
encontrei minhas origens
no leste
no mar em imundos tumbeiros
encontrei
em doces palavras
cantos
em furiosos tambores
ritos
encontrei minhas origens
na cor de minha pele
nos lanhos de minha alma
em mim
em minha gente escura
em meus heróis altivos
encontrei
encontrei-as enfim
me encontrei
Fonte: toda matéria
Me gritaram negra, de Victoria Santa Cruz
Tinha sete anos apenas,
apenas sete anos,
Que sete anos!
Não chegava nem a cinco!
De repente umas vozes na rua
me gritaram Negra!
Negra! Negra! Negra! Negra! Negra! Negra! Negra!
“Por acaso sou negra?” – me disse
SIM!
“Que coisa é ser negra?”
Negra!
E eu não sabia a triste verdade que aquilo escondia.
Negra!
E me senti negra,
Negra!
Como eles diziam
Negra!
E retrocedi
Negra!
Como eles queriam
Negra!
E odiei meus cabelos e meus lábios grossos
e mirei apenada minha carne tostada
E retrocedi
Negra!
E retrocedi . . .
Negra! Negra! Negra! Negra!
Negra! Negra! Negra! Negra!
E passava o tempo,
e sempre amargurada
Continuava levando nas minhas costas
minha pesada carga
E como pesava!…
Alisei o cabelo,
Passei pó na cara,
e entre minhas entranhas sempre ressoava a mesma palavra
Negra! Negra! Negra! Negra!
Negra! Negra! Neeegra!
Até que um dia que retrocedia , retrocedia e que ia cair
Negra! Negra! Negra! Negra!
Negra! Negra! Negra! Negra!...
músicas: Clementina de Jesus – Cangoma me Chamou (1970)
“Tava durumindo, Cangoma me chamou
Disse levante povo cativeiro já abou”
Clara Nunes – Canto das Três Raças (1976)
“Negro entoou
Um canto de revolta pelos ares
No Quilombo dos Palmares
Onde se refugiou
Fora a luta dos Inconfidentes
Pela quebra das correntes
Nada adiantou”
Dona Ivone Lara e Jorge Ben Jor – Sorriso Negro (1981)
“Negro é uma cor de respeito
Negro é inspiração
Negro é silêncio, é luto
negro é a solidão”
Sandra de Sá – Olhos Coloridos (1982)
“Você ri da minha roupa
Você ri do meu cabelo
Você ri da minha pele
Você ri do meu sorriso
A verdade é que você
(E todo brasileiro)
Tem sangue crioulo”
Cidinho e Doca – Rap da Felicidade (1993)
“Quem vai pro exterior, da favela sente saudade
O gringo vem aqui e não conhece a realidade
Vai pra zona sul pra conhecer água de côco
E o pobre na favela vive passando sufoco”
Elza Soares – Carne (2002)
“A carne mais barata do mercado é a carne negra
Que vai de graça pro presídio
E para debaixo do plástico
Que vai de graça pro subemprego
E pros hospitais psiquiátricos” Fonte: portal geledés
Textos: A partir da década de 2000, foram desenvolvidas ações afirmativas para a população negra, com a qual o Brasil tem uma dívida histórica pelos quase quatro séculos de escravidão e por não ter formulado políticas específicas para os ex-escravizados após a abolição, relegando-os à pobreza e precariedade, principalmente nas grandes cidades, o que prejudicou de forma crucial a eles e a sua descendência.
Dentre as ações afirmativas no Brasil para a população negra, podemos citar:
o Estatuto da Igualdade Racial
a Lei de Cotas no Ensino Superior
as Leis 10.639/03 e 11.645/08
Em 2014, a Lei 12.990 instituiu a reserva de 20% das vagas no serviço público federal para a populacao negra.
ALGUEM PODE TIRAR UMA CONCLUSÃO DISSO?
ME AJUDEM POR FAVOR É URGENTE
Respostas
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Resposta:
A construção poética de Solano Trindade apresenta uma representação de sua identidade negra, exposta nos ricos diálogos do poema Conversa, que permite uma análise pelo viés da memória pessoal e coletiva em busca de uma construção identitária.
Explicação:
acho que é isso, pelo que eu entendi
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