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Mais um assassinato de quem defende os direitos humanos
22 de maio de 2018
“Tão grandioso quanto suas dimensões do Norte do Brasil, são as violações de direitos humanos
que aqui acontecem, como trabalho escravo e violência no campo “, escreve Rebecca Souza.
Escrevo esse texto ainda sobre o choque de saber da morte de Paulo Sérgio Almeida Nascimento. Ele era um dos
representantes da Associação dos Caboclos, Indígenas e Quilombolas da Amazônia (Cainquiama), que faz denúncias
sobre problemas ambientais que atingem a região. Aos 47 anos, Paulo foi morto com quatro tiros no dia 12 de
março.
De acordo com o advogado da Cainquiama, Ismael Moraes, Paulo Sérgio era um dos mais atuantes nas denúncias
contra a refinaria Hydro Alunorte, envolvida no vazamento de rejeitos de bauxita vindos da bacia de depósitos da
empresa norueguesa instalada na região.
Em qualquer outro lugar um crime como esse já estaria sendo motivo de textos no Facebook, de comoções, de
cobranças de justiça. Porém não no Norte!
O Norte do Brasil é composto por 7 Estados, e somente o Estado do Pará (local onde moro) tem uma extensão maior
do que a de muitos países. Contudo, o Brasil esquece seu Norte. Ou ele vira todo Amazônia e floresta, ou “não
existe”, como no caso do Acre.
Tão grandioso como suas dimensões são as violações de direitos humanos que aqui acontecem. Estamos quase
sempre nos primeiros lugares nas estatísticas de trabalho escravo, exploração infanto-juvenil, tráfico de pessoas,
violência no campo e, principalmente, mortes de ativistas de direitos humanos.
O caso mais emblemático é o da missionária estadunidense Dorothy Stang, assassinada em 2005, que somente
tornou-se emblemático e conhecido por sua nacionalidade e pela pressão de órgãos internacionais.
No Brasil, a violência interrompeu a vida e o papel político de 124 ativistas, entre janeiro de 2016 e agosto de 2017,
segundo o Comitê Brasileiro de Defensoras e Defensores de Direitos Humanos. A maior parte das vítimas é formada
por indígenas, sem-terra e pessoas envolvidas com a luta agrária e ambiental. Ao lado de Colômbia, Filipinas,
Honduras e Índia, o Brasil figura entre os países mais perigosos para defensores de direitos humanos. (Entenda: Por
que o Brasil é campeão mundial em assassinatos de ambientalistas).
Este meu texto não é apenas em homenagem a tantos outros e outras que tombaram baleados no Norte, é um
pedido de socorro.
Sim, eu também estou na lista de ameaçados, também sou uma “mulher marcada”, não posso sair à noite, não
tenho liberdade. Isso tudo unicamente porque cometi, assim como todos os que estão sob ameaça, o “crime” de
questionar, denunciar, pois são os nossos ribeirinhos, nossos caboclos que estão sendo subjugados por aqueles que
vêm de fora e acreditam que merecemos perecer.
Eu não sairia do Norte. Viajo, dou palestras, trabalho por todo o mundo, contudo retorno, pois aqui está meu
coração.
Tem uma visão que me reconforta cada vez que chego na cidade de Belém, a cidade no meio do rio doce, daquele
rio cor de barro que circunda nossa região. Infelizmente, foi esse rio que o desastre transformou em água vermelha.
Parecia um presságio, aquela água vermelha, parece o sangue no barro quando Paulo Sérgio foi alvejado.
No Norte, o rio se tinge de vermelho, seja pelos que vêm de fora com suas empresas poluidoras, seja pelo nosso
sangue.
Rebecca Souza é feminista descolonial e mulher de etnia cigana que vive no norte do Brasil. É ativista de direitos humanos e foi eleita “Jovem
Mulher Líder” pelas Nações Unidas. Foi do Grupo Assessor da Sociedade Civil da ONU Mulheres, é sacerdotisa de bruxaria tradicional e nas
horas vagas se apresenta como dançarina de dança do ventre.
* As opiniões aqui expressas são da autora ou do autor e não necessariamente refletem as da Revista AzMina. Nosso objetivo é estimular o
debate sobre as diversas tendências do pensamento contemporâneo. -
Questões
1) Qual é o fato de interesse comum que motivou a produção do artigo?
2) A morte de Paulo Sérgio Almeida do Nascimento suscitou que discussão?
3) Que afirmação sintetiza o problema?
4) Que outro acontecimento a autora utiliza para comparar com a morte de Paulo Sérgio Almeida do
Nascimento? Qual é a diferença entre os dois casos?
5) O Artigo é um gênero de utilidade pública pois cumpre uma função social. Qual é a função social
desse artigo?
Respostas
respondido por:
4
Resposta:
DEUS TE AMA!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
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