Por que para Kuhn teorias nascidas de paradigmas anteriores não devem ser descartadas? Por que as mesmas ainda possuem grande relevância mesmo depois de superadas?
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Assim, ele teve a oportunidade de examinar com calma alguns textos antigos, como os de Aristóteles, e desfazer suas concepções a respeito de teorias e práticas científicas que considerava antiquadas.
Os novos estudos empreendidos causaram um movimento na trajetória de Kuhn, que passou da física teórica à história e filosofia da ciência. No entanto, um movimento mais significativo estaria por vir: a relação entre a história e a ciência, até então compreendida a partir de uma noção acumulativa de ciência, estava restrita à descrição de fatos ocorridos e, por isso, era quase irrelevante ao trabalho científico.
Kuhn percebeu uma relação mais profunda entre a história e a ciência, muito além da compilação de fatos realizados por cientistas e de suas teorias. Uma história puramente descritiva abriga o risco de apresentar um excesso de informações que não têm relevância para a compreensão do objeto de estudo.
Outro risco dessa abordagem historiográfica é tratar a ciência a partir da biografia de cientistas, mas sem considerar o percurso intelectual que culminou em suas teorias, como se a causa da descoberta científica fosse a genialidade de certos indivíduos ou obra do acaso – tal como a anedota da maçã que caiu sobre a cabeça de Isaac Newton e o fez perceber a existência da gravidade.