As certezas da minha vida
Quando eu tinha 12 anos, tive certeza de que não poderia viver sem meus ídolos. Aos 14, acreditei com todas as forças que jamais me apaixonaria novamente. Aos 15, achei que nunca mais fosse fazer amigos. Aos 17, não botei fé em passar no vestibular. [...]
Aos 25, me sentia nova demais para casar. Aos 31, velha demais para não ter um filho. Aos 34 tive certeza de que a maternidade arruinaria minha carreira. [...]
Com 55 anos, achei que fosse enlouquecer com os preparativos do casamento de minha filha. Dois anos depois, acreditei que ser avó faria de mim uma velha [...].
Mas eu sobrevivi. Passei pelo fim da minha banda preferida com poucas lágrimas, aos 13. E me apaixonei incontáveis vezes depois dos 14. Superei as amizades perdidas aos 15 e fiz outras muitas ao longo da vida. Passei no vestibular na primeira tentativa. Encontrei o amor da minha vida aos 21, e antes disso curti muito a liberdade de ser solteira. Casei aos 25 e percebi que a idade foi perfeita para mim. Minha primeira filha veio aos 32, o segundo aos 34, e me percebi finalmente madura para cuidar de duas crianças.
A maternidade não arruinou minha carreira. E mesmo em meio aos plantões e loucuras de ter uma mãe médica, meus filhos tiveram uma infância incrível. [...]
O casamento da minha filha foi emocionante e guardo com carinho as lembranças da loucura que foram os preparativos. O brilho no olhar de minha neta acabou me fazendo sentir mais jovem. [...]
Eu tive várias certezas ao longo da vida. E ainda bem que estava errada na maioria delas…
PAIVA, Bruna. As certezas da minha vida. In: Adolescente demais. 2016. Disponível em: . Acesso em: 18 jul. 2018. Fragmento.
Texto 2
Esqueça as certezas, se apegue as dúvidas
Vivemos na era do discurso. Não é preciso tribuna, microfone, plateia. Temos um teclado e seguidores (que seja meia dúzia). Todo mundo pode falar. O que é ótimo. Estamos empoderados, disruptivos1 e cheios de opinião. Estamos também apressando o processo de metamorfose que todas as nossas dúvidas sofrem antes de virarem certezas.
A certeza que não respondeu a uma dúvida é rasa. A certeza que não se permite voltar a ser dúvida aprisiona.
É pelas dúvidas que se descobre o quanto uma pessoa é capaz de se desafiar, de se reinventar. [...]
A certeza é restritiva, a dúvida estimula a imaginação. Certeza é tornar algo óbvio – e a obviedade é sempre chata – e, roda-viva que é, se torna questionável. Certeza é zona de conforto, dúvida é eterna montanha-russa. [...]
Dúvidas nos mantêm atentos a qualquer nova informação. Pré-dispõem olhos e ouvidos abertos e atentos. Trazem ineditismo para a rotina. [...]
A profundidade das dúvidas é proporcional ao esforço dedicado às certezas. Quanto mais alguém se questiona, mais já pensou, repensou, despensou. Mais se desfez para se reconstruir.
Ouvi alguém dizer que toda certeza é absoluta. Que bom se toda dúvida também fosse. Talvez ouvíssemos mais, fôssemos mais surpreendidos, mais autônomos e menos iguais. Mas não tenho muita certeza disso, não.
*Vocabulário:
1disruptivos: revolucionários.
MELZ, Marina. Esqueça as certezas, se apegue as dúvidas. In: OEH. 2016. Disponível em: . Acesso em: 18 jul. 2018. Fragmento. Mantida a ortografia original do texto.
Qual é o aspecto comum a esses dois textos?
A)A organização de casamentos.
B)A possibilidade de as pessoas mudarem de opinião.
C)A superação dos desafios exigidos pelas profissões.
D)O empoderamento das pessoas.
E)O tempo ideal para a maternidade.
Respostas
Resposta:
Letra b pois ela pensava outras coisas outras opiniões depois ao passo o tempo ela viu quer era tudo diferente e mudou de opinião
O aspecto comum aos dois textos apresentados é a possibilidade de as pessoas mudarem de opinião, e por isso a alternativa correta é a letra B.
A possibilidade de mudar de opinião
No primeiro texto, percebemos que o eu lírico sempre criou certezas ao longo da vida, imaginando que determinadas coisas não seriam boas para ela. Com o passar dos anos, essas coisas foram sendo realizadas, e a partir disso o eu lírico percebe que seus medos eram bobos, e ele afirma que gosta de ter errado em suas precipitações.
No segundo texto, temos uma dissertação sobre o quanto as dúvidas são boas na vida das pessoas, pois elas levam a uma busca, a um questionamento, representando um lugar fora da zona de conforto.
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