Adormecida
Uma noite eu me lembro... Ela dormia
Numa rede encostada molemente...
Quase aberto o roupão... solto o cabelo
E o pé descalço do tapete rente.
'Stava aberta a janela. Um cheiro agreste
Exalavam as silvas* da campina...
E ao longe, num pedaço do horizonte
Via-se a noite plácida e divina.
De um jasmineiro os galhos encurvados,
Indiscretos entravam pela sala,
E de leve oscilando ao tom das auras**
Iam na face trêmulos — beijá-la.
Era um quadro celeste!... A cada afago
Mesmo em sonhos a moça estremecia...
Quando ela serenava... a flor beijava-a...
Quando ela ia beijar-lhe... a flor fugia...
Dir-se-ia que naquele doce instante
Brincavam duas cândidas crianças...
A brisa, que agitava as folhas verdes,
Fazia-lhe ondear as negras tranças!
E o ramo ora chegava, ora afastava-se...
Mas quando a via despeitada a meio,
P'ra não zangá-la... sacudia alegre
Uma chuva de pétalas no seio...
Eu, fitando esta cena, repetia
Naquela noite lânguida e sentida:
"Ó flor! — tu és a virgem das campinas!
"Virgem! tu és a flor da minha vida!..."
Castro Alves ALVES, C., Espumas Flutuantes, 1870.
Vocabulário:
*Silvas: plantas da família rosáceas
**Auras: aragens, brisas
Sobre a forma como a natureza é representada no poema é possível afirmar que:
a) O jasmineiro age como um amigo que, sorrateiramente, afaga a jovem, beija sua face e depois corresponde quando ela tenta beijá-lo. Quando parece que a jovem vai se irritar com as ações do jasmineiro, ele derrama-lhe uma "chuva de pétalas no seio". O poeta utiliza a metáfora do jasmineiro contribuindo para reforçar a sensualidade da cena.
b) O jasmineiro age como um amante que, sorrateiramente, afaga a jovem, beija sua face e depois se afasta quando ela tenta beijá-lo. Quando parece que a jovem vai se irritar com as ações do jasmineiro, ele derrama-lhe uma "chuva de pétalas no seio". O poeta utiliza a personificação do jasmineiro contribuindo para reforçar a sensualidade da cena.
c) O jasmineiro age como um amante que, sorrateiramente, afaga a jovem, beija sua face e depois corresponde quando ela tenta beijá-lo. Quando parece que a jovem vai se irritar com as ações do jasmineiro, ele derrama-lhe uma "chuva de pétalas no seio". O poeta utiliza um eufemismo do jasmineiro contribuindo para reforçar a sensualidade da cena.
d) O jasmineiro age como um amante que, nervoso, afaga a jovem, beija sua face e depois se afasta quando ela tenta beijá-lo. Quando parece que o jasmineiro vai se irritar com as ações da moça, ele derrama-lhe uma "chuva de pétalas no seio". O poeta utiliza a metáfora do jasmineiro contribuindo para reforçar a sensualidade da cena.
e) O jasmineiro age como um amigo que, desiludido, afaga a jovem, beija sua face e despede-se. Quando parece que a jovem vai perdoá-lo, ele derrama-lhe uma "chuva de pétalas no seio". O poeta utiliza a personificação do jasmineiro contribuindo para reforçar a sensualidade da cena.
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c) O jasmineiro age como um amante que, sorrateiramente, afaga a jovem, beija sua face e depois se afasta quando ela tenta beijá-lo. Quando parece que a jovem vai se irritar com as ações do jasmineiro, ele derrama-lhe uma "chuva de pétalas no seio". O poeta utiliza um eufemismo do jasmineiro, contribuindo para reforçar a sensualidade da cena.
Espero ter lhe ajudado, bons estudos!
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