• Matéria: Português
  • Autor: alowwhenrique
  • Perguntado 4 anos atrás

bruxas nao existem

qual o narrador
qual o personagens
qual o tempo
qual o enredo

aí o texto

Bruxas não existem

Quando eu era garoto, acreditava em bruxas, mulheres malvadas que passavam o tempo todo

maquinando coisas perversas. Os meus amigos também acreditavam nisso. A prova para nós

era uma mulher muito velha, uma solteirona que morava numa casinha caindo aos pedaços

no fim de nossa rua. Seu nome era Ana Custódio, mas nós só a chamávamos de "bruxa".

Era muito feia, ela; gorda, enorme, os cabelos pareciam palha, o nariz era comprido, ela tinha

uma enorme verruga no queixo. E estava sempre falando sozinha. Nunca tínhamos entrado na

casa, mas tínhamos a certeza de que, se fizéssemos isso, nós a encontraríamos preparando

venenos num grande caldeirão.

Nossa diversão predileta era incomodá-la. Volta e meia invadíamos o pequeno pátio para dali

roubar frutas e quando, por acaso, a velha saía à rua para fazer compras no pequeno armazém

ali perto, corríamos atrás dela gritando "bruxa, bruxa!".

Geralmente, os contos contam uma história de faz de conta, apresentando personagens

nascidos na imaginação do autor

Um dia encontramos, no meio da rua, um bode morto. A quem pertencera esse animal nós não

sabíamos, mas logo descobrimos o que fazer com ele: jogá-lo na casa da bruxa. O que seria fácil.

Ao contrário do que sempre acontecia, naquela manhã, e talvez por esquecimento, ela deixara

aberta a janela da frente. Sob comando do João Pedro, que era o nosso líder, levantamos o

bicho, que era grande e pesava bastante, e com muito esforço nós o levamos até a janela.

Tentamos empurrá-lo para dentro, mas aí os chifres ficaram presos na cortina.

- Vamos logo - gritava o João Pedro -, antes que a bruxa apareça. E ela apareceu. No momento

exato em que, finalmente, conseguíamos introduzir o bode pela janela, a porta se abriu e ali

estava ela, a bruxa, empunhando um cabo de vassoura. Rindo, saímos correndo. Eu, gordinho,

era o último.

E então aconteceu. De repente, enfiei o pé num buraco e caí. De imediato senti uma dor terrível

na perna e não tive dúvida: estava quebrada. Gemendo, tentei me levantar, mas não consegui.

E a bruxa, caminhando com dificuldade, mas com o cabo de vassoura na mão, aproximava-se.

Àquela altura a turma estava longe, ninguém poderia me ajudar. E a mulher sem dúvida

descarregaria em mim sua fúria.

Em um momento, ela estava junto a mim, transtornada de raiva. Mas aí viu a minha perna, e

instantaneamente mudou. Agachou-se junto a mim e começou a examiná-la com uma

habilidade surpreendente.

- Está quebrada - disse por fim. - Mas podemos dar um jeito. Não se preocupe, sei fazer isso. Fui

enfermeira muitos anos, trabalhei em hospital. Confie em mim.

Dividiu o cabo de vassoura em três pedaços e com eles, e com seu cinto de pano, improvisou

uma tala, imobilizando-me a perna. A dor diminuiu muito e, amparado nela, fui até minha casa.

"Chame uma ambulância", disse a mulher à minha mãe. Sorriu.

Tudo ficou bem. Levaram-me para o hospital, o médico engessou minha perna e em poucas

semanas eu estava recuperado. Desde então, deixei de acreditar em bruxas. E tornei-me grande

amigo de uma senhora que morava em minha rua, uma senhora muito boa que se chamava Ana

Custódio. (Moacyr Scliar)​

Respostas

respondido por: diariodamily
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Resposta:

Olha só obrigada pelos pontos

Explicação:

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