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Em uma ocasião de homenagens póstumas, o pensador e ensaísta basco Fernando Savater se referiu à filósofa María Zambrano, primeira mulher a ganhar o prestigiado Prêmio Cervantes, usando de uma sugestiva analogia bélica: “uma franco-atiradora necessária, à margem de todo academicismo”. De fato, Zambrano foi uma das pensadoras mais interessantes e idiossincráticas do século passado, e sua “marginalidade” vai muito além – como alguns poderiam supor – de qualquer consideração sobre preconceitos de gênero na filosofia: sua forma especulativa se constituiu e se realizou deliberadamente às margens da filosofia “oficial”, ainda que sem abdicar do diálogo com essa tradição. Um dos mais respeitados estudiosos de sua obra em nossos dias, o professor Francisco José Martín, da Universidade de Turim, defende a ideia de que a concepção de filosofia da pensadora espanhola alcançou uma forma tão particular – e divergente da tradição racionalista ocidental – que a difusão de suas ideias acabou sendo dificultada, mesmo entre especialistas. Assim, infelizmente, também no Brasil, seu nome é desconhecido fora do circuito acadêmico – e muito pouco conhecido dentro dele.